ELVA GT
Complemento das matérias anteriores sobre a História dos ELVA, carros fabricados aqui na Bahia por Elcio Paiva no final dos anos 60.
A história dos protótipos de competição Elva começa no final da década de sessenta, quando Élcio Paiva, um engenheiro carioca e piloto de Kart, que veio com os pais morar na Bahia, decidiu fazer um carro para uso próprio, baseado nos moldes dos GTs esportivos e de competição que estavam muito em moda àquela época. Para realizar uma empreitada de tal envergadura Élcio contou com a ajuda do amigo e também engenheiro elétrico Raimundo Castro, mais conhecido como “Castrão”. Também participaram da construção do carro os amigos Francisco (Chiquinho) Lima Ribeiro, Paulo Roberto dos Santos e o piloto Lulu Geladeira (mecânica).
O GT usaria o chassi e mecânica
Volkswagen como era a maioria dos fora de série brasileiros da época, pois não
haviam muitas opções no mercado para servir de base para um projeto de porte como
a criação de um automóvel esportivo.
Após a fase inicial de projetos eles começaram a fazer os moldes
da carroceria de fibra, na garagem da casa dos pais de Élcio no bairro da
Pituba em Salvador.
Além do chassi e da mecânica o ELVA GT herdou dos VW muita coisa
da parte elétrica e de acabamentos, tendo algumas peças sido fabricadas com exclusividade
para ele, a exemplo de vidros laterais e traseiro, bancos e acabamentos diversos,
herdando também dos PUMAS alguns componentes como os limpadores de para
brisa.
Os primeiros testes de rua foram um sucesso e o GT agradou em
cheio, por onde passava chamava muito a atenção de curiosos e automobilistas de
todas as idades. Após os devidos procedimentos técnicos e aprovação no DETRAN
o garboso GT, já devidamente emplacado, passou a circular pelas ruas de
Salvador enchendo de orgulho os seus projetistas e construtores.
O ELVA GT, no antigo Kartódromo do Stiep em Salvador Bahia.
Abaixo as fotografias e a reportagem feita com o ELVA GT em 1971, pela revista Auto Esporte.
Interior confortável e bonito, com excelente acabamento.
Reprodução ampliada da reportagem da revista Auto Esporte
Reportagem original da revista Auto Esporte, com dedicatória e assinatura de Elcio.
ELVA GT
OS PROTÓTIPOS DE COMPETIÇÃO:
Era a época de ouro do automobilismo baiano, a cidade tinha
corridas com regularidade e varias equipes de competição sedentas para evoluir
dos carros de turismo, preparados para correr na categoria força livre e migrar
para a coqueluche do inicio dos anos setenta, que eram os protótipos de
corrida.
Elcio (à direita) e Chico Ribeiro (dentro do carro),
finalizando a construção do Elva III da Equipe RM.
No final dos anos 60 e inicio dos anos 70 construíam-se protótipos por todo o Brasil a fora, do Rio Grande do Sul ao Ceará e como não poderia deixar de ser, a Bahia seguiu a tendência do resto do país. Neste contesto, o Elva se encaixou perfeitamente e logo entrou em cena com uma versão sem capota, baseada nas linhas do belo e aerodinâmico GT.
O primeiro Elva de competição foi produzido para a equipe Cobape, tendo o mesmo obtido alguns bons resultados nas corridas locais e regionais, chegando a correr nos 1.000 Km de Brasília de 1970.
Foram feitos protótipos Elva tanto com o aproveitamento da
plataforma Volkswagen, como também com chassi tubular, com características e projetos diferentes, de acordo com a mecânica a ser
adotada.
O primeiro protótipo ELVA II da Equipe Cravo-Bauer nº111, utilizava o chassi Volkswagen.
ELVA III da Equipe RM, alinhado para mais uma largada no Circuito da Avenida Centenário em Salvador, pilotado por Roberto Bahia. Este foi o mais belo dos carros feitos por Élcio.
Protótipo RM
– Era uma carroceria ELVA modificada e encurtada, com chassi tubular, era um
carro muito veloz, porém deixou de vencer varias corridas devido a falhas
mecânicas e excesso dos seus pilotos.
Protótipo Elva I da Cobape correndo nos 1000 Km de Brasília em 1970, pilotado pelos irmãos Fred e
Carlos Leal, teve que abandonar a prova por acidente e consequente
falha mecânica.
O
segundo protótipo ELVA da Equipe Cravo-Bauer nº2, alinhado para largada
no Autódromo
Virgilio Távora no Ceará, aparecendo na foto os pilotos Ivan Cravo à
esquerda e
Otavio Cravo à direita com o capacete na mão, aparecem ainda Otto Bauer
sentado no carro e o escultor Mario Cravo, de pé usando chapéu de palha.
Este protótipo ELVA IV era montado sobre um chassi tubular,
diferentemente dos primeiros Elvas que utilizavam a plataforma
Volkswagen.
ELVA IV da Equipe Cravo-Bauer, alinhado para uma corrida no Ceará. No centro Otto Bauer e o piloto Ivan Cravo. |
O primeiro Elva da Cravo-bauer, vencedor da prova Norte/Nordeste de 1971 em Salvador, pilotado por Ivan Cravo. Nas duas fotografias abaixo, vejam os detalhes do painel e da traseira, onde da para ver os enormes carburadores Weber 48.
NOTÍCIAS DA ÉPOCA:
Nesta notícia de um jornal da época, nas quatro fotografias exibidas em que aparecem protótipos, três são Elva.
Notícia sobre acidente com o protótipo Elva II da Cravo-Bauer, na curva do posto da Avenida Centenário.
Noticia em um jornal do Ceará, sobre Ivan Cravo e o protótipo Elva da Cravo-Bauer.
Noticia do Jornal da Bahia de janeiro de 1972, sobre o Elva III da Equipe RM, que foi o vice-recordista do Circuito da Avenida Centenário.
É desconhecido o destino do Elva GT e dos protótipos da Equipe Cobape e da Equipe RM, quanto aos dois protótipos da Equipe Cravo Bauer, foram destruídos em um incêndio que aconteceu no atelier do escultor Mario Cravo, onde os mesmos estavam guardados, juntamente com o Fusca e o Lorena GT da equipe.
NOTA: Segundo informações recebidas por Francisco Ribeiro, o ELVA GT foi visto pela ultima vez por ele há muitos anos passados, abandonado em um terreno baldio na cidade de Itaparica, de onde deduzimos que o mesmo não mais exista.
História dos Elva (PARTE 1):
História dos Elva (PARTE 2):
Matéria atualizada e corrigida em 10/11/2021
Old Races.blogspot.com
Produzido por MAURICIO DE CASTRO LIMA
- m.castrolima.arq@gmail.com
Material utilizado na matéria: fotos
de jornais da época, anotações, fotos e desenho do autor, fotos do acervo dos
pilotos Mario Monteiro, Ivan Cravo, Fred Leal e Carlos Medrado, fotos do acervo de Arthur
Barros e Francisco Ribeiro, foto retirada de mestrejoca.blogspot.com, pesquisas na INTERNET.
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