Escuderia AF - O início
A Escuderia AF foi fundada em 1968 por Adriano Fernandes, Renato Caria, Lulu Geladeira, Nelson Taboada, André Burity, Mauricio Fainstein e Raimundo Heráclito de Carvalho.
A equipe foi uma das principais forças do automobilismo na região Nordeste durante os anos dourados do esporte no Brasil.
Grande parte do sucesso da AF além da excelente estrutura físico/ financeira que dispunha e dos seus bons pilotos, deveu-se também ao importante suporte semi oficial que recebia da fábrica Puma e da Comercial MM.
Note-se que a relação de Adriano Fernandes e Lulu Geladeira com Jorge Lettry e Mario César Camargo (Marinho), já vinha desde 1961 quando Lulu e outros pilotos, a exemplo do pernambucano Gegê Bandeira, eram convidados por Lettry para pilotar carros da Vemag (ver no quadro abaixo parte de um depoimento sobre Jorge Lettry dado pelo piloto Bird Clemente).
Escuderia AF - Primeira fotografia oficial - 1968
Os principais
patrocinadores da ESCUDERIA AF eram:
CARIA RIBEIRO –
revenda Volkswagen
LAJES VOLTERRANA-
lajes pré moldadas
BURITY – materiais de
construção
KONTIK—agencia de
viagens
PEPSICOLA- indústria
de refrigerantes
SUERDICK- fabrica de
charutos
PNEUService – revenda
PNEUS GOODYEAR
Contava ainda com apoio semi oficial da
PUMA e SCORRO (fabricante de rodas).
Estrutura da Escuderia AF - Acrescente-se ao organograma, pela parte de Caria Ribeiro a participação de Heráclito de Carvalho e Roland Itém, como fundador e colaborador da equipe.
Também pelas Indústrias de Charutos Suerdick, a participação de Fernando Suerdick como colaborador da equipe.
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Por Bird Clemente, piloto e historiador do automobilismo brasileiro…
MEU AMIGO, MEU CHEFE, MEU IRMÃO MAIS VELHO
“No começinho dos anos 60 quando eu estava na
Equipe Vemag, cada vez que o Wilsinho passava perto de mim ele punha a mão na
boca, e com os dedos dava o formato de uma corneta e com ruído característico
fazia alusão ao meu chefe, o sargentão Jorge Lettry. Essa era a imagem dele.
Exigente, perfeccionista e intolerante era assim a figura que ele projetava. Um
Italiano apaixonado pela capacidade dos artefatos bélicos nazistas. Ele era o
chefe, eu e o Marinho, sua pequena tropa de elite. Cada vez que assisto esses
filmes americanos do sargentão preparando os Marines, eu me lembro do Tenente
como ele era chamado por todos.
“No começinho dos anos 60 quando eu estava na
Equipe Vemag, cada vez que o Wilsinho passava perto de mim ele punha a mão na
boca, e com os dedos dava o formato de uma corneta e com ruído característico
fazia alusão ao meu chefe, o sargentão Jorge Lettry. Essa era a imagem dele.
Exigente, perfeccionista e intolerante era assim a figura que ele projetava. Um
Italiano apaixonado pela capacidade dos artefatos bélicos nazistas. Ele era o
chefe, eu e o Marinho, sua pequena tropa de elite. Cada vez que assisto esses
filmes americanos do sargentão preparando os Marines, eu me lembro do Tenente
como ele era chamado por todos.
Sempre com elegante boné, óculos Ray Ban, calça e camisa caqui, que eram praticamente uma farda que caracterizava o primeiro chefe de equipe do Brasil, sem duvida mais elegante que o Neubauer da Mercedes. Nossa vida não era fácil, ele tinha orgulho da gente e nós dele, nas provas longas se incorporavam na tropa, gaúchos, cariocas, baianos, pernambucanos etc., seus preferidos eram Flavio Del Mese, Iwers, Norman Casari, Bob Sharp, Lulu Geladeira, Gege Bandeira entre outros, depois da minha época, Scurachio, Dalpont, Lameirão, Anísio que ele chamava de Rodolfo Valentino
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OS PRIMEIROS CARROS E AS PRIMEIRAS CORRIDAS:
Volkswagen nº 22 ( à esquerda, ao lado do Simca) nos 500km de Salvador em 1968. Foi o primeiro carro da AF. Nesta prova foi pilotado por André Burity/ Ubaldo Lolli, chegando em 2º lugar.
Volkswagen Força Livre no VI Circuito de Salvador em 1969. Terceiro carro da AF, era originalmente um "Pé de Boi" 0 KM, que foi transformado em carretera. Aqui ele aparece em sua primeira corrida com o tradicional nº 71 e pintura amarela da AF.
Puma Espartano 1968 nº 17 (Este Puma, de carroceria nº 001, foi o precursor dos modelos Espartanos de competição fabricados posteriormente). Este Puma foi o segundo carro da Escuderia AF.
O Puma Espartano 1968 nº17, em sua estreia nas pistas pilotado por Lulu Geladeira e Norman Casari, nos 500km da Bahia em 1968 .Teria ficado em 2º lugar atrás apenas da GTA de Piero Gancia/ Emilio Zambello, porem foi desclassificado.
Norman Casari e o Puma 17 - 500km da Bahia 1968.
Jorge Lettry Cuidando carinhosamente do Puma Espartano antes da largada dos 500km da Bahia em 1968.
As rodas Scorro foram as primeiras fabricadas, exclusivamente para este carro, sendo posteriormente incorporadas aos veículos de série.
O Puma Espartano 1968 nº17, vencendo sua primeira corrida no circuito da Cidade Universitária no Recife, pilotado por Lulu Geladeira.
Notícia sobre a primeira vitória de um Puma Volkswagen no Circuito da Cidade Universitária no Recife.
Volkswagen 71 e Puma 17 (vencedor) na inauguração do Autódromo do Ceará em 1968.
Puma 17 vencendo em Salvador com André Burity, seguido do Volkswagen 71 pilotado por Lulu Geladeira.
Volkswagen nº 717 nos treinos da Prova Paulo Lanat em 1969,sendo pilotado por J. Brusell. Nesta foto aparecem ao fundo os pilotos Gil Ferreira (de boné), Gil Ferreira Filho e Lulu Geladeira (de camisa vermelha)
Os dois Volkswagen Divisão 3* nº 717 (J. Brusell) e nº 171 (José Luis Bastos) no treino da Prova Paulo Lanat, vendo-se ainda um Volks 4 portas também da AF, que foi pilotado nesta prova por Antonio Couto.
500 km Salvador -1969- Volkswagen Divisão 4 - força livre nº 717 - José Luis Bastos (esquerda) e John Brusell. Este Volkswagen veio substituir a antiga carretera 71 (pé de Boi) que foi vendida à Equipe Cravo Bauer, após ter sofrido uma capotagem no Ceará, quando era pilotada por André Burity.
* Não confundir a antiga Divisão 3 com a Divisão 3 dos "Pinicos Atômicos" dos anos 70.
CONTINUA
CONTINUA
Link para Escuderia AF (parte 2)
https://oldraces.blogspot.com.br/2014/04/equipes-baianas-escuderia-af-parte-2.html
Link para Escuderia AF (parte 3)
ESCUDERIA AF- Caria Ribeiro
Produzido por Mauricio de
Castro Lima - Dezembro de 2012
ATUALIZAÇÕES:
Revisada em 24/01/2015
Revisada em 10/03/2016
Revisada em 13/07/2016
Revisada em 12/04/2017
Revisada em 20/03/2020
MATERIAL UTILIZADO:
Fotografias das revistas Quatro Rodas e Autoesporte, fotografias do acervo de J,Brusell, Eduardo Ribeiro e Mauricio C. Lima.Reprodução de matéria da coluna RETROVISOR. Reprodução de texto do piloto Bird Clemente sobre Jorge Lettry.ATUALIZAÇÕES:
Revisada em 24/01/2015
Revisada em 10/03/2016
Revisada em 13/07/2016
Revisada em 12/04/2017
Revisada em 20/03/2020
MATERIAL UTILIZADO:
Mensagem do Facebook
MARIO CABRAL FILHO
9 comentários:
Maurício, Boa noite!Excelente matéria, parabéns!! Pergunto, o VW # 71 correu na Força Livre, portanto mesma categoria do Puma # 17, certo? Ambos eram concorrentes diretos?
Grande abraço!
Boa tarde Léo, os Volkswagen muito preparados que corriam naquela época tinham três categorias para se enquadrar, vou explicar de maneira abreviada, vejamos:
Divisão 3 - a mecânica podia ser muito mexida mas o carro não podia ter suas características alteradas, o que limitava e muito o alivio do peso, o uso de rodas muito largas e a criação de detalhes como bocal de abastecimento p/ fora do capo ou mesmo entradas de ar externas para não usar ventoinha, só para citar estes dois exemplos.
Força Livre - (também referida como Divisão 4) - O carro podia ter suas características alteradas, o que no caso dos Volkswagen ajudava muito com relação à perda de peso, com a substituição de portas, capo, tampa do motor e para lamas por peças de fibra de vidro, além da substituição dos vidros por acrílico. Internamente se retirava todo tipo de forração e também os bancos.Criavam-se entradas de ar laterais, ou no teto, para ventilação do motor em lugar da tradicional ventoinha o que gerava um ganho de potencia extra. A maioria dos fuscas corria nesta categoria apesar de enfrentar pesos pesados como as GTA e outras feras mais.
Protótipos- Os Fuscas modificados também podiam correr nesta categoria mas era desvantajoso, pois correriam contra carros muito mais velozes ,os protótipos de competição, sem muitas chances de boas colocações.
De qualquer maneira para os Volks era aquela situação "se correr o bicho pega se ficar o bicho come".
Os Pumas se enquadravam em Gran Turismo.
No caso do Volkswagen 71 da Escuderia AF, sempre foi inscrito como Força Livre
Obrigado pela leitura, seja bem vindo !
Um grande abraço,
Mauricio
Mauricio, ótima explicação!Desconhecia esta linha de categorias.Obrigado!
Agora ansioso pelas demais parte da história da Escuderia AF e seus Pumas!!!rsrsrs
Mauricio, uma dúvida que surgiu, a Escuderia AF participou em Brasilia-DF nas Mill Milhas em 1970 com o Puma #71 pilotado por Burity e Godoy, confere? Nesta corrida, foram com os dois Pumas, ou só o 1969?
Caro Leo, espero que tenha ajudado a clarear as idéias!
Um ponto muito importante quando se comentam as corridas dos anos 60 (e talvez seja este o motivo pelo qual elas despertam tanto interesse ainda nos dias atuais), é que tinha regulamento totalmente diferente do que se seguiu a partir de mais ou menos 1972. Este ano foi um divisor de aguas no automobilismo brasileiro , os carros nacionais evoluíram muito depois da invasão de pesos pesados que vieram competir aqui, a exemplo da P 33 da Jolly, a Lola dos irmãos De Paoli e o Ford Gt 40 da Equipe Colégio Arte e Instrução de Sidney Cardoso. É importante notar por exemplo que a Divisão 3 de 1969 nada tem a ver com a Divisão 3 de 1973 (onde corriam os "pinicos atômicos", que eram a evolução dos Volks modificados que corriam na Força Livre e Protótipos dos anos 60.
Com relação aos 1.000 km de Brasília de 1970, a Escuderia AF participou com os dois Pumas, o 1968 mais antigo, que eu chamo de precursor dos Espartanos, com mecânica VW e nº 70 foi pilotado por Lulu Geladeira/ José Luis Bastos. O outro 1969, teve a mecânica original Porsche substituída por VW e correu com o nº 71, pilotado por André Burity/ Leonardo Godoy, piloto baiano que foi convidado para substituir o titular Jonh Brusell , que não pode competir por motivos pessoais.
Um grande abraço e mais uma vez obrigado pela leitura do blog.
Mauricio
Caro amigo Maurício "Encrenca" Castro Lima.
Parabéns pela matéria. A última corrida da Escuderia AF, foi em Fortaleza, no Autódromo Virgílio Távora, no Puma 71, pilotado por José Luis Bastos. A prova foi as 100 Milhas de Fortaleza, vencida por um tal de Carlos Alberto Medrado, pilotando um fusca modificado, com motor 2000, chamado carinhosamente pela equipe Catu Motor de "Touché". Abs. CAM
Existe um ditado que diz: "quem tem telhado de vidro não joga pedra no vizinho",
meu caro amigo Medrado.
A propósito tenha calma que devagar eu chego nas provas do Ceará e na Catu Motor.
Obrigado pelo comentário e pela leitura do blog, note que a matéria Escuderia AF ainda tem continuação...
Um grande abraço,
Mauricio
Oi Mauricio estou coletando informações a respeito de um piloto chamaado NORMAN CASARI. Sou jornalista em minha cidade, e ele e sua família tem/tiveram uma fazenda aqui. Estamos levantando grandes nomes ligados à história de Ubatuba ( litoral norte de SP ). Se pude ajudar agradeço muitíssimo. Abs
Prezado Jamary Ferreira, o Norman Casari correu algumas vezes aqui em Salvador e tenho alguma coisa sobre ele,caso seja do seu interesse ainda, favor entrar em contato pelo email : m.castrolima.arq@gmail.com Obrigado.
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