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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

AUTOMOBILISMO BAIANO - A pista da Avenida do Centenário (parte 1)


-HISTÓRIA DO AUTOMOBILISMO BAHIANO- 


O célebre circuito da Centenário – Salvador Bahia.

De 1968 a 1972, a Avenida do Centenário foi palco de emocionantes corridas de automóveis. Um dos templos do automobilismo brasileiro, onde foram realizadas além das provas locais, varias regionais a exemplo  do Torneio Norte Nordeste e nacionais como o Campeonato Brasileiro de Formula V e os famosos 500 km da Bahia. 

                                  Circuito da Centenário em 1969.

A pista da Centenário tinha a largada em frente onde hoje é o Habib’s, sendo que no canteiro e na pista paralela que dá acesso ao Shopping Barra e Jardim Brasil  ficavam os boxes. O sentido horário era invertido em relação ao fluxo de tráfego normal da avenida.  


                                Largada dos 500 Km da Bahia em 1969.

Esta inversão tinha três motivos principais: primeiro, evitar que após as corridas ou à noite o pessoal dos pegas ficasse utilizando a pista para fazer corridas clandestinas. Segundo, para tornar a entrada dos boxes mais segura e eficiente e por fim, conseguir uma “reta”oposta maior, onde os carros alcançassem mais velocidade final.

                        Os dois Pumas da AF no local que os carros atingiam a maior velocidade.
 


                          Rotatória de retorno, junto ao túnel.


Ao todo o percurso utilizado media 3.090 metros, com dois retornos em U, além de quatro curvas intermediarias. As curvas do Calabar  eram as mais perigosas devido à quantidade de postes, pela proximidade do canal e principalmente por serem curvas de média a alta velocidade. A do Calabar de dentro era a mais veloz e gostosa de fazer, tinha também a do cemitério e a oposta ao cemitério. No mais, eram “retas” meio curvas onde os carros andavam sempre em aceleração plena. 
 Excelente pavimentação e retas intercaladas com curvas suaves, o trecho intermediário permitia que os carros   desenvolvessem uma boa velocidade.Na foto o Volkswagen divisão 4 (Força Livre) da Equipe Curvello, pilotado por Mauricio Castro Lima.

A maior velocidade (perto dos 200 km/h para os carros de mais potencia) era sempre atingida no final da reta oposta aos boxes, ai vinha uma forte freada para fazer o retorno do posto ou como alguns chegaram a chamar, a “curva do coco”.

Por sua posição serpenteando ao longo de um vale, permitia que um numeroso público (falava-se na época em cerca de 40.000 pessoas) ficasse acomodado nas suas encostas com uma visão privilegiada da corrida, como se fossem arquibancadas naturais. 


                   Arquibancadas naturais nas encostas davam segurança ao público. Na foto em primeiro plano esta o Puma da Carbel de Minas, seguido do Puma 71 da Escuderia AF e parado com problemas mecânicos o Bino 47.

O recorde da Centenário ficou pertencendo à Alfa P33 da equipe Jolly Gancia, tendo ao volante José Carlos Pace, com o tempo por volta de 1m 30,1 seg. a uma média de 123,462 km /h, obtido nos treinos dos 500 km da Bahia em 1969. Para efeito de comparação a esta época os carros com excelente preparação giravam em torno de 1m 38,4 seg. , a uma velocidade média aproximada de 111,939 km/h.


                                A recordista Alfa P33 da equipe Jolly Gancia, seguida de uma GTA também da Equipe Jolly Gancia.

Ao contrario do que se tem escrito atualmente em algumas matérias sobre as corridas na Centenário que a retratam como “uma pista com o pavimento gasto e mal conservado”, a avenida era nova e recém inaugurada, com o pavimento bem liso sem depressões, bueiros ou buracos.

Creio que este equivoco se criou por causa da última corrida que foi realizada em 1972 e ficou famosa pois dizem que foi a última corrida de rua do Brasil. A largada atrasou por várias horas, devido a forte chuva que além de alagar a pista, trouxe lama e vários detritos, daí a má impressão que ficou com relação ao pavimento.

                                            O caos na Centenário.


Costumam também dizer que as corridas aqui eram desorganizadas, que atrasavam, que não tinham segurança e até que o público invadia a pista. Não é verdade, se observarem bem as fotos  vão ver que era uma pista com excelente pavimento, com policiamento bem posicionado e o público afastado dos locais de alto risco e geralmente ficava nas encostas.

Comparadas às corridas de rua do resto do país, posso afirmar sem medo de errar que as nossas corridas eram mais seguras e mais organizadas que a maioria das provas de rua da época, porém, se compararmos aos padrões de hoje acharemos uma loucura em termos de segurança, sem guard-rails, com postes, árvores, canal e meio fios sem proteção alguma. Mas era assim mesmo em todo o país, corria-se até em pavimentação de paralelepípedos!
                                 A segurança.                               


Voltando a falar da última corrida, ela quase foi cancelada, primeiro devido ao mau tempo, depois  por causa dos detritos e do barro que invadiu a pista e por fim porque a seguradora se negou a estender o prazo de vigência do seguro que ultrapassaria o contratado em algumas horas.
 Após muita confusão a largada foi autorizada com um grande atraso.
                                          
Um fato que nunca  ficou muito claro é com relação à proibição das corridas, costumam dizer que foi ACM quando ia à praia e ficou retido no engarrafamento, outra versão fala sobre um desentendimento do mesmo ACM com o coronel Aurélio que era o presidente da Federação Bahiana de Automobilismo. De qualquer maneira na mesma época as competições de rua foram proibidas em todo o país devido a falta de segurança e o grande numero de acidentes.



Túnel do tempo: na próxima postagem mostraremos o mapa do traçado com o lugar de cada foto assinalado e para um interessante efeito comparativo, fotos atuais tiradas nos mesmos locais e ângulos.

Continua 

Material utilizado: Texto,desenho e fotos do arquivo do autor, fotos do arquivo de John Brusell, fotos do arquivo de Eduardo Ribeiro.

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http://oldraces.blogspot.com/2013/08/automobilismo-bahiano-pista-da-avenida.html?spref=fb

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

FORD CORCEL BINO (Parte2)


Continuação.

Teste do Corcel GT BINO 1970 – Revista Quatro Rodas


Reportagem sobre veneno para Ford Corcel
 Revista Quatro Rodas






Propagandas Bino:





Corcel Bino nas competições:


Uma curiosa observação: O rapaz à esquerda andando ao lado do Bino é o MESTRE JOCA,cujo excelente blog somos leitores  já a alguns anos. A prova foi as 200 Milhas de Brasília de 1969, a segunda do Bino da Cisa, que foi pilotado pelo piloto mineiro e hoje jornalista Bóris Feldman que aparece na foto à direita.





Formula Ford Bino

CURIOSIDADES: Anúncio de venda de um Bino 1973 nos classificados do Jornal do Brasil de 12 de dezembro de 1973, é uma prova que a Bino Sandaco ainda estava personalizando o Corcel naquele ano.

Sobrevivente:

Fotos de 27/08/2010, encontradas em pesquisa sobre Bino na Internet, provam que o mesmo tem pelo menos um sobrevivente em algum lugar do país.



OBS: Segundo informações recebidas pelo Erik Von Eye, o Bino preto acima é 1970, pertenceu ao piloto Tite Catapani e hoje é do Sr. Arthur Milanez de São Carlos- SP.

Continua:
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Veja também:
FORD CORCEL BINO  (parte 3)
https://oldraces.blogspot.com.br/2013/09/ford-corcel-bino-parte-3.html 



Produzido por MAURICIO CASTRO LIMA  m.castrolima.arq@gmail.com
Material utilizado na pesquisa:Especificações técnicas e folhetos de propaganda originais BINO SAMDACO , anotações, fotografias,desenhos e documentos do acervo do autor, reportagens das revistas QUATRO RODAS,MECÂNICA POPULAR e AUTOESPORTE ,  informações e fotografias coletadas em pesquisas  pela internet., sem indicação de direitos autorais.
Fotografia do acervo pessoal de Mestre Joca.
oldraces.blogspot.com m.castrolima.arq@gmail.com

COMENTÁRIOS NO Facebook

Corcel Bino


Erik von Eye -
3 de set

Prezado Mauricio,

Vi seu site Old Races, e acompanhei com interesse suas postagens sobre o Corcel Bino.
O Corcel Bino Preto das fotos que você postou pertence ao Arthur Milanez, de São Carlos- SP.
O carro era do falecido pai dele, é de 1970 e seu primeiro dono foi o Tite Catapani. Na pagina do Tite no facebook você encontrará foto desse carro com o Tite e a esposa, ainda novo.
Também tenho um Corcel Bino 1969 verde (um cupê standard de chassis inferior a 500) em início de restauração, esse carro veio do Rio de Janeiro, e tem placas de Brasília. Comprei do filho do falecido dono, que era mecânico de formula ford. Esse carro ainda tem o  Motor Bino 1440cc com dupla carburação, suspensão mais firme, painel, scoop,volante e metade do console, todos da bino. A pintura foi descaracterizada em antigas reformas.
Há anos me interesso e pesquiso sobre a bino, e tenho inclusive alguns equipamentos bino avulsos que pretendo utilizar em outro projeto, pois tenho mais dois corcel cupê, um 70 e um 71, e um deles deverá receber os equipamentos.
Já conhecia algumas das fotos que vc postou da internet, mas fiquei especialmente interessado nas fotos de decorações, combinação de cores, etc. Nunca tinha visto essas fotos de carros decorados conforme o ano de fabricação. O material sobre o tema é escasso, e eu gostaria, se possível, de obter mais informações.
Segue reportagem do teste do primeiro corcel bino pela revista Autoesporte, fotos do meu 69 e de um emblema original da bino.
abs

Mauricio Castro Lima -
4 de set

para Erik
Caro Erik,
É um prazer conhece-lo, acho que já tínhamos trocado algumas ideias nos comentários de um blog sobre Del Rey.
Gostei muito do material que me enviou, a reportagem da auto esporte em particular, pois apesar de já ter lido no passado não consegui localiza-la quando fiz a matéria para postagem..
O Bino e todo o seu envolvimento sempre me fascinou, tive um branco na época em que estava envolvido com as corridas de automóveis (1970) ,recentemente a uns dois anos mais ou menos tentei comprar um Corcel que tinha vários equipamentos Bino mas infelizmente o dono apesar de estar em negociação comigo resolveu vender para outra pessoa ,ai desisti temporariamente do meu projeto de reconstituir um Bino.
Este seu se não me engano estava no mercado Livre na época que eu estava tentando comprar mas quando descobri tinha acabado de ser vendido, creio que a você.
Gostaria de usar este material que me enviou, inclusive as fotos do seu(como o 2º sobrevivente) para fazer uma postagem complementar sobre o Bino pois meu objetivo é reunir o máximo de informações possíveis, no intuito de informar e até ajudar quem queira tentar refazer um Bino.
Qualquer sugestão que tenha ou mesmo correção nas minhas postagens serão aceitas de bom grado,já tem meu email de modo que vamos nos comunicando para nos conhecermos melhor.
Um grande abraço,
Mauricio


Erik von Eye 
5 de set

Olá Maurício,
Fique à vontade para usar o material que lhe enviei.
No futuro, pretendo escrever sobre a Bino Samdaco, que foi primordial para o automobilismo no Brasil.
Oportunamente mando mais material para vc.
abs