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terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

A internet e o automobilismo

 


A internet sem sombra de dúvidas foi um avanço tecnológico sem precedentes para a humanidade , porém também trouxe diversos fatores negativos, tais como crimes cibernéticos, fraudes, pedofilia, invasão de dados e vários outros problemas graves. Entre eles está o perigo das informações erradas, quer seja por simples desconhecimento do assunto pelo autor da publicação ou mesmo pela publicação das tão faladas "fake news ", por pessoas mal intencionadas, o que a longo prazo virá a prejudicar a própria história que ficará para as gerações futuras.


Na história do automobilismo não tem sido diferente, com frequência tenho me deparado com informações desencontradas, dados errados e narrativas equivocadas, em diversas publicações de blogs, sites e páginas especializadas no assunto. 

Algumas vezes já tive aqui no Old Races, que refazer matérias nas quais descobrimos erros de informação, afinal ninguém é perfeito..., porém o que mais preocupa é ver que matérias erradas muitas vezes são corrigidas pelos leitores em seus comentários e mesmo assim o(s) autor(es) não as corrige,? ou porque não revisa as publicações que faz ou até mesmo por não ter que admitir que errou...

Como aquele dito em que " Uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade ", as estórias equivocadas vão se perpetuando e se tornando quase impossível de se reverter à verdadeira realidade!

Nos últimos anos tenho vez por outra me debatido com algumas narrativas equivocadas, tanto sobre a invenção do auto móvel como sobre a chegada do mesmo no Brasil, no primeiro caso, atribuindo a autoria da invenção a Carl Benz e com relação ao Brasil, que o primeiro auto móvel do país teria sido o de Alberto Santos Dumont.

Ambas as narrativas não são verdadeiras, no caso da invenção do "auto móvel ", o verdadeiro autor da invenção é o francês Joseph Cugnot, no ano de 1770, fez um veículo a vapor que se "auto movia" e tinha direção, já com relação aos primeiros auto móveis do Brasil 🇧🇷, a lista é a seguinte:

👇

Primeiros auto móveis do Brasil:


1º- 1871 -Thomson Road Steamer- Francisco Antônio Pereira Rocha - BA *


2º- 1891 - Peugeot com motor a combustão - Alberto e Henrique Santos Dumont - SP


3º- 1897 - Serpollet a vapor - José do Patrocínio - RJ


4º- 1897 - Benz a combustão interna - Álvaro Fernandes da Costa Braga - RJ


5º- 1900 - Decauville a combustão interna - Adalberto Guerra Duval - RJ


6º- 1901 - Clement Panhard & Levassor a combustão interna - José Henrique Lanat - BA


7º- 1901 - Rochet-Schneider com motor a combustão interna - Conde Alvares Penteado - SP 


O Thonsom Road Steamer do Sr. Francisco Pereira Rocha era similar a este, com 5 rodas.

* Existem relatos de alguns Thonsom Road Steamer no Brasil, após o de Salvador, em Belém, no Ceará e no Rio Grande do Sul, porém o único com comprovação documental que achamos até agora, foi o da Bahia. 


Mauricio C. Lima

oldraces.blogspot.com

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Uma história mal contada (2)

 

Não sei de quem é a autoria, mas um leitor do Old Races nos enviou o seguinte texto sobre o piloto baiano Lulu Geledeira, perguntando o que achávamos e se as informações contidas na matéria eram corretas.(?)

Como a quantidade de erros e omissões é muito grande, no texto original grifamos em vermelho as partes erradas para melhor comparação com o texto corrigido abaixo, com as partes corrigidas grifadas em azul.

Gostaria de salientar que a nossa intenção não é desmerecer quem fez a matéria , nem tampouco o nosso grande piloto e amigo, Lulu Geladeira, mas a história, seja ela qual for, sempre deve ser contada com o máxima fidelidade possível, pois são documentos que ficarão para as futuras gerações...

Sobre Lulu Geladeira.

  • Pilotos folclóricos do automobilismo brasileiro: Lulu Geladeira, um apaixonado pelo automobilismo. Imbatível piloto Baiano, com uma carreira maravilhosa nas pistas. Luiz Pereira dos Santos, foi o maior ídolo do automobilismo Baiano entre 1950 a 1972.
  •  e  Segundo a lenda, foi vencedor de todas as corridas em que participou, na Bahia, em Recife e Fortaleza. O apelido "Geladeira", veio de que Lulu trabalhava com seu pai no ramo de refrigeração, dando manutenção em geladeiras de grande porte, tanto elétricas como a gasolina. Sua carreira começou nos anos 50, com 23 anos de idade. As corridas eram encaradas como desafio, e também diversão. As corridas tinham início no Farol da Barra, passavam pelo Barravento, as Ruas Aurora Galvão e Afonso Celso. Na década de 60 Lulu começou a se consagrar como o melhor piloto. Não só no Nordeste, mas em provas que participou pelo Brasil. Venceu mais de 47 corridas, mas a maioria foi em sua terra Natal. Em 1967 quando começaram as famosas corridas no Circuito do Centenário, em Salvador, Lulu fazia parte da Equipe AF (Adriano Fernandes), com patrocínio da Puma, Lojas Volterrana e concessionárias VW. Usava um Puma preparado com motor 2.200Lulu ao longo da carreira, na maior parte do tempo, teve que bancar os custos de participar das corridase sempre trabalhou com seu ramo de refrigeração. No automobilismo nordestino, Lulu passou a ser o piloto referência, e os outros queriam andar forte como ele. Seu Puma amarelo com o Nº 17 (ou 71), foi o primeiro "espartano" fabricado, com fibra da carroceria mais fina. Lulu além de piloto, era um mecânico de grande talento, ele mesmo fazendo manutenção e preparação dos seus carros. Lulu pilotou vários tipos de carros ao longo da carreira, inclusive Ferrari, Jaguar e até DKW. Havia toda uma geração de grandes pilotos pelo nordeste. Da Bahia: Leonardo Godoy, Carlos Medrado, Mauricio Feinstein, Ivan Cravo, e outros. Do Ceará havia: Neném Pimentel, Antonio Cirino e Arialdo Pinto. De Pernambuco se destacaram: Fernando Burle e Ramon Cortiso. Em 1969 Lulu ganha a primeira corrida oficial, na inauguração do autódromo Virgílio Távora, em Fortaleza. Nos "500 Kms de Salvador", saiu uma briga generalizada nos boxes, e sobrou até para Jorge Lettry, que estava por lá na ocasião. Acabaram indo todos para a delegacia ! Em 1972 foi realizada a última corrida, no Circuito do Centenário, e depois foram proibidas definitivamente as provas de rua. Lulu parou de correr, neste mesmo ano. Com isto Salvador, ficou 33 anos sem ter nenhuma prova automobilística, só voltando a ter automobilismo de competição em 2005. Lulu nos deixou em 2015.

    OBS: Os grifos em vermelho são nossos e sinalizam as partes incorretas e no texto já corrigido abaixo, as partes em azul são as correções feitas.
CORREÇÃO:
  • Pilotos folclóricos do automobilismo brasileiro: Lulu Geladeira, um apaixonado pelo automobilismo. Imbatível piloto Baiano, com uma carreira maravilhosa nas pistas. Luiz Pereira dos Santos, foi o maior ídolo do automobilismo Baiano entre 1954 a 1971.
  •  e  Segundo a lenda, foi vencedor de todas as corridas em que participou, na Bahia, em Recife e Fortaleza, mas NÃO é verdade, Lulu venceu várias corridas, mas nem de longe todas as que participou... O apelido "Geladeira", veio de que Lulu trabalhava com seu pai no ramo de refrigeração, dando manutenção em geladeiras de grande porte, tanto elétricas como a gás. Sua carreira começou nos anos 50, com 27 anos de idade. As corridas eram encaradas como desafio, e também diversão. As corridas tinham início no Farol da Barra, passavam pelo Barravento, as Ruas Airosa Galvão, Miguel Burnier e Afonso Celso. Na década de 60 Lulu começou a se consagrar como o melhor piloto. Não só no Nordeste, mas em provas que participou pelo Brasil.
  • Em 1968 quando começaram as famosas corridas no Circuito do Centenário, em Salvador, Lulu fazia parte da Equipe AF (Adriano Fernandes), com patrocínio da Puma, Lajes Volterrana e concessionária VW Caria Ribeiro. Usava junto com os demais pilotos da equipe, dois  Pumas preparados com motor 1.800Lulu ao longo da carreira, na maior parte do tempo, teve que bancar os custos de participar das corridas. No automobilismo nordestino, Lulu passou a ser o piloto referência, e os outros queriam andar forte como ele. Os Pumas amarelos com o Nº 17 e 71), foram os primeiros "Espartanos" fabricados, o segundo já com a fibra da carroceria mais fina. Lulu além de piloto, era um mecânico de grande talento, ele mesmo orientando a manutenção preparação dos carros da equipe. Lulu pilotou vários tipos de carros ao longo da carreira, inclusive , Jaguar e até DKW. Havia toda uma geração de grandes pilotos pelo nordeste. Da Bahia: Leonardo Godoy, Carlos Medrado, Mauricio Feinstein, Ivan Cravo, e outros. Do Ceará havia: Neném Pimentel, Antonio Cirino e Arialdo Pinto. De Pernambuco se destacaram: Fernando Burle e Ramon Cortiso. Em 1969 Lulu ganha a primeira corrida oficial, do autódromo Virgílio Távora, em Fortaleza. Nos "500 Kms de Salvador", saiu uma briga generalizada nos boxes, e sobrou até para Jorge Lettry, que estava por lá na ocasião. Em 1972 foi realizada a última corrida, no Circuito do Centenário, quando foram proibidas definitivamente as provas de rua. Lulu parou de correr, neste mesmo ano. Com isto Salvador, ficou 33 anos sem ter nenhuma prova automobilística, só voltando a ter automobilismo de competição em 2005. Lulu nos deixou em 2015.
ITENS EXCLUÍDOS POR NÃO SEREM VERDADEIROS: 👇

>  (Venceu mais de 47 corridas, mas a maioria foi em sua terra Natal.)

> ( Segundo a lenda, foi vencedor de todas as corridas em que participou, na Bahia, em Recife e Fortaleza, )

> (e sempre trabalhou com seu ramo de refrigeração)

> ( Ferrari )

> (Acabaram indo todos para a delegacia !) 

Old Races
 
O texto citado na publicação, nos foi enviado e desconhecemos a autoria. Fotografia do acervo de Andre Burity.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A história de um Fusca 1300

 

O primeiro Volkswagen Sedan 1300  da Bahia, foi vendido pela revenda autorizada Autobasa e adquirido pela família Pitta Lima. O carro tinha cor verde claro (aparentemente denominada verde Caribe) e foi destinado ao uso de Dona Carol, mãe do piloto baiano Toncar, Antônio Carlos Pitta Lima, que o usou por pouco tempo até que surgiram as corridas da Avenida Centenário. 


Em junho de 1968 teve a primeira corrida de estreantes e aí começa a odisseia do valente Fusca, Toncar se inscreveu com ele e foi o grande vencedor da prova, sendo que dai em diante, após sofrer uma capotada, o 1300 foi concertado e transformado em um carro de corridas.
Inicialmente Toncar criou a Equipe Dick e correu a corrida de estreantes com patrocinio da revenda autorizada Autobasa e posteriormente como Equipe Dick- Autobasa, pela qual participou de provas em Salvador, Recife, Ceará e Brasília.




Sequencia de fotografias acima, de um acidente sofrido por ele na Avenida Centenário em 1968, quando era pilotado por Toncar.




Em sua trajetória longeva nas pistas de corrida, este Fusquinha passou por várias equipes e foi pilotado por muitos pilotos:

Antônio Carlos Pitta Lima (Toncar)
Leonardo Godoy
Antônio José
Roberto Bahia
Renato Acioly
Mauricio Castro Lima
Antônio Medeiros Netto (Medeirinho)

No final de 1969 o Fusca foi vendido a Mauricio Castro Lima, que após uma reforma e requalificação  total, o incorporou à Equipe Irmãos Curvello, pela qual participou de provas diversas até o ano de 1971.


Em 1971 o valente Fusquinha muda de mãos outra vez, sendo adquirido por Antônio Garcia de Medeiros Netto, que o incorporou à Equipe CIF. 

Em seu curriculum o famoso Fusca tem corridas no circuito da Avenida Centenário em Salvador, onde saiu vitorioso duas vezes e entre as muitas corridas que participou destacam-se as duas provas Duque de Caxias, corridas do Norte/Nordeste e os 500 Km de 1968 e 1969 , no Autódromo Virgílio Távora no Ceará, no circuito da Cidade Universitária no Recife e no circuito de Brasília, onde participou dos 1000 km dos anos de 1969 e 1970.

NOTÍCIAS:








oldraces.blogspot.com

Fotografias do acervo de André Burity, Mauricio C. Lima, Carlos Alberto Medrado, Mario Cabral Filho e Adriano Fernandes. 



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023