Continuação
-HISTÓRIA DO AUTOMOBILISMO BAHIANO-
Relatos
da época (anos 60)
Contando com ampla cobertura
dos jornais, as competições eram
assistidas por multidões calculadas
em torno de 20 mil pessoas,
que deliravam com o desempenho
dos pilotos mais ousados, vários
deles vindos de outros estados.
Entre os baianos, pontificavam Lulu
Geladeira, Gugu Mendes, José Carlos Arléo (Foca), Gil
Ferreira, Marcelo Lanat, Paulo Lanat, Lev
Smarchewsky, Maurício Fainstein e Nelson Taboada, que competia desde os 17
anos, patrocinado pela Água Mineral Dias D'Ávila,
O jornal A Tarde, na edição de 13 de
janeiro de 1962, publicou uma retrospectiva esportiva de 1961,
onde destacou:
Dia 21 de maio de 1961
Grande Prova Automobilística da Barra,
promovida pelo Automóvel Clube da
Bahia*, vencida por Nelson Taboada
NelsonTaboada liderando
uma prova no Circuito da Barra.
Nelson Taboada, VW,
fazendo uma ultrapassagem sobre um Renault Gordini.
O carro 7, pilotado por Nelson Taboada, na
reta de chegada, para ser o vencedor geral da Grande Prova Automóvel Clube da
Bahia, realizada
em 21 de maio de 1961.
O
veneno (polemica da época)
Ao término de uma corrida, ainda com a
cabeça quente e inconformado com o
segundo lugar, Paulo Lanat declarou aos
jornalistas que o Nelson Taboada somente havia
vencido por ter corrido com o motor de carro
envenenado, o que era proibido pelo
regulamento.
A acusação teve repercussão. À noite, num
programa esportivo da TV Itapoan, o piloto
Lev Smarchewsky, que também participou da
corrida, foi indagado pelo entrevistador,
em tom provocativo:
- É verdade que o Nelson correu com o carro
envenenado?
- É verdade sim
- Então explique o que significa correr com
o carro envenenado?
- É ter um bom piloto. No caso do carro 7, o
nome do veneno é
Taboada!
Nelson Taboada
recebendo uma das muitas premiações na carreira de piloto.
Noticias:
Noticias:
Lulu Geladeira (à
esquerda) e Nelson Taboada.
Lulu Geladeira vencendo
com DKW
Em algumas corridas como a da fotografia acima, a linha de largada/chegada foi no Largo do Farol da Barra, porém na maioria delas a largada era na Avenida Oceânica.
Lulu Geladeira DKW nº1 ultrapassa Lev Smarchevsk no DKW nº2 da mesma equipe.
Pega entre Lulu Geladeira e Zelito Ferreira, no Largo do Farol.
A carretera DKW nº 10 da equipe
oficial da fábrica VEMAG, que no mês anterior havia liderado as primeiras voltas
das 1.000 MILHAS
Brasileiras à frente das poderosas carreteras Corvette, causando um verdadeiro
assombro em Interlagos, foi a vencedora desta prova em 17 de dezembro de 1961 sendo pilotada por
Mario César Camargo (Marinho).
Em uma cena inimaginável nos dias de hoje passa em alta velocidade pelo largo do farol, com a fortaleza de Santo Antônio (Farol da Barra) ao fundo.
Em uma cena inimaginável nos dias de hoje passa em alta velocidade pelo largo do farol, com a fortaleza de Santo Antônio (Farol da Barra) ao fundo.
RELATOS DA
ÉPOCA
SCUDERIABRAZIL.BLOGSPOT,COM
Uns foram de avião e outros seguiram por estrada. De qualquer
modo, foi encetada uma espécie de migração e o destino de todos era um só: o "IV Circuito da Barra”, que
ia ser realizado em Salvador.
Uma prova que era disputada sob o patrocínio do Automóvel Clube local * com auxílio do
Departamento de Turismo da Bahia.
.
Na prova disputada em dezembro
de 1961, Marinho
César Camargo depois de um ligeiro treino num sábado à tarde,
entrou na pista com apetite de domingo pela manhã. Seu carro era aquele mesmo DKW número 10, que
havia disputado as
Mil Milhas. Concorreriam também os pilotos Ciro Caires e José Otaviano Curi,
o primeiro com um Simca
número 44 e o último com um Volkswagen
com motor Porsche e
de número 42.
.
Na largada Marinho
César Camargo pulou na ponta com seu DKW, e já na
primeira volta botava 2 segundos de diferença sobre Ciro Caires e 5
segundos sobre Otaviano
Curi. Daí em diante, até a 50ª volta, foi ampliando esta
diferença para vencer com 45 segundos de vantagem sobre Ciro Caires e
pouco mais sobre José
Otaviano Curi. O melhor tempo de Marinho foi
1,09". Para estabelecer-se uma comparação: o recorde ali no Circuito da Barra
pertencia a Chico
Landi com uma
Ferrari 3 litros: 1 minuto cravado.
.
A pista da Barra
era improvisada, mas nem por isto deixava de ser boa para corridas. Para as
provas de longa duração, não servia, mas para provas rápidas, de velocidade,
servia muito bem. Sua extensão era de quase 2 quilômetros dos
quais parte asfaltada e parte de paralelepípedos. Ela aproveitava dois trechos
das avenidas Presidente
Vargas e Sete de Setembro, tendo um formato quase triangular. Os
baianos gostavam de novidades e os corredores paulistas constituíram
verdadeiras atrações. No domingo, bem cedo, numeroso público já estava distribuído
ao longo da pista, aí se mantendo até o final da prova, quando então improvisou
uma "invasão", para poder ver carros e corredores mais de perto.
.
Houve três provas, em duas largadas. A primeira era destinada a
carros "standard"
e Bird Clemente
venceu-a. Os DKW
tinham de completar 50 voltas; os
Volkswagen 49; e os Dauphine,
48, este era o handcap
da prova. Acontece que Bird
Clemente completou as 50, enquanto o melhor Volkswagen fizera
48 e o melhor Dauphine,
47. A
largada da segunda corrida (para carros preparados) foi dada junto com a
terceira (para carros Força
Livre). Lulu
Geladeira venceu-a com um DKW.
Tão pitorescos quanto no nome eram os corredores locais. Dois deles
despontaram, seja na perícia demonstrada ao volante: o Lulu Geladeira
(da Bahia, mesmo) e o Gêgê
Bandeira (que veio de Recife).
Adriano Fernandes e Marinho - Mario Cesar Camargo, o vencedor da prova principal em 17 de dezembro de 1961.
Adriano Fernandes no Aeroporto Dois de Julho, repcionando na porta do avião da REAL Linhas Aéreas, os pilotos Bird Clemente e Ciro Caires e Jaime Silva.
Adriano Fernandes no Aeroporto Dois de Julho, repcionando na porta do avião da REAL Linhas Aéreas, os pilotos Bird Clemente e Ciro Caires e Jaime Silva.
CURIOSIDADES/OUTRAS INFORMAÇÕES/DIVERSOS: :
Foto atual da Barra com o circuito
assinalado.
Fotografia do final dos anos 40/inicio dos anos 50, com parte do circuito assinalado em vermelho. Esta fotografia provavelmente foi tirada do Edifício Oceania que já deveria estar em construção
Fotografia do final dos anos 40/inicio dos anos 50, com parte do circuito assinalado em vermelho. Esta fotografia provavelmente foi tirada do Edifício Oceania que já deveria estar em construção
Comparação: a carretera Vemag junto de um DKW normal de fábrica, vejam a diferença da altura.
A rua Afonso Celso, que fazia parte do circuito da Barra, era calçada em paralelepípedos nos anos 50/60.
A Rua Airosa Galvão,que fazia parte do circuito, nos anos 60.
1)Vasco Sameiro (POR/Ferrari 750 Monza) – 60 voltas em 58m42s2 (108,456 km/h)
2) Celso Lara Barberis (Ferrari 625 TF chassi 0304) – 59 voltas
3) Henrique Casini (Ferrari MM) – 58 voltas
4) Arthur de Souza Filho (Ferrari) – 58 voltas
5) Ciro Cayres (Allard-Cadillac) – 57 voltas
6) P. Lanat (Ferrari LM) – 55 voltas
Abandonou: A. Cayres (Maserati-Jaguar XK120) – 1 volta
Notícia sobre o GP Cidade de
São Paulo, com a participação do piloto baiano Paulo Lanat.2) Celso Lara Barberis (Ferrari 625 TF chassi 0304) – 59 voltas
3) Henrique Casini (Ferrari MM) – 58 voltas
4) Arthur de Souza Filho (Ferrari) – 58 voltas
5) Ciro Cayres (Allard-Cadillac) – 57 voltas
6) P. Lanat (Ferrari LM) – 55 voltas
Abandonou: A. Cayres (Maserati-Jaguar XK120) – 1 volta
Faixa indicativa do lV Circuito da Barra.
112 |
03/01/1954
|
1º
|
Emmanuel de Graffenried (Maserati A6GCS) – 30 v – 4h14m21s7
|
GP Cidade do Rio de Janeiro
|
2º
|
Giulio Musetti (Ferrari 166S) – 30 v – 4h22m37s8
|
|
Gávea – Rio de Janeiro - RJ
|
3º
|
Chico Landi (Ferrari 250 MM) – 29 v
|
|
113
|
10/01/1954
|
1º
|
Emmanuel de Graffenried (Maserati A6GCS) – 40 v – 3h01m45s2
|
GP Cidade de São Paulo
|
2º
|
Cláudio Daniel Rodrigues (Ferrari 166 S) – 40 v – 3h04m33s2
|
|
Interlagos – São Paulo - SP
|
3º
|
Henrique Casini (Ferrari 250 MM) – 39 v – 3h03m15s5
|
|
AB
|
Chico Landi (Ferrari 250 MM) - MV
|
||
114
|
25/0/1954
|
1º
|
Chico Landi (Ferrari 250 MM)
|
GP da Bahia
|
2º
|
Paulo Lanat (Ferrari
LM)
|
|
Salvador - BA
|
3º
|
Arthur Souza Costa (Ferrari
225S)
|
|
115
|
27/06/1954
|
1º
|
Mike Hawthorn/Umberto Maglioli (Ferrari 750 Monza) – 160 v –
6h13m28s6
|
GP Supercortemaggiore
|
2º
|
Maurice Trintignant/Froilan Gonzalez (Ferrari 750 Monza) – 160
v – 6h13m28s6
|
|
116
|
08/08/1954
|
1º
|
Umberto Maglioli (Ferrari 750 Monza) – 15 v – 50m48s0
|
RELAÇÃO DE ALGUNS
PILOTOS QUE CORRERAM NA BARRA:
Ciro Caíres
(Marinho)- Mario César Camargo Filho
Chico Landi
Arthur Souza Costa Filho
Paulo Lanat
Luis Pereira dos Santos (Lulu Geladeira)
Lev Smarchevsk
Antonio Martins
Nelson Taboada
Adriano Fernandes
Zelito (Gil) Ferreira
Bird Clemente
Gegê Bandeira
José Otaviano Curi
Marcelo Lanat
Gugu Mendes
Mauricio Fainstein
José Carlos Àrleo (Foca)
Olavo Gam
Kurts Kepler
Ângelo Neto
Ilton Pedrosa
Ferdinando Bulgarini
Conde Bulgarini
Ferdinando Bulgarini
Conde Bulgarini
Vasco Sameiro
Newton Paes
Jaime Silva
José Luiz Moura Lima
Jorge Maia Poucinha
Newton Paes
Jaime Silva
José Luiz Moura Lima
Jorge Maia Poucinha
Godofredo Vianna Filho
Henrique Casini
Augusto Lima (Lima Chapista)
Luiz Augusto
Annuar de Góes
Julio Veras
Devido a um grave acidente ocorrido em uma prova de arrancada no Bonfim, que vitimou o piloto baiano Fernando Scaffa, as corridas de automóveis ficaram suspensas em Salvador até 1967, quando voltaram a acontecer no circuito da Avenida do Centenário, que tinha sido recém inaugurada.
*Nota do autor: As referencias ao Automóvel Clube local e Automóvel Clube da Bahia nos relatos acima, não se referem ao Automóvel Clube de Salvador que só foi fundado em 1967, sob a hedge da Confederação Brasileira de Automobilismo. O referido Automóvel Clube da Bahia também não deve ser confundido com o Bahia Automóvel Clube que atuou nos anos 70 promovendo provas de rally.
As provas disputadas na Barra anteriores a 1960 foram promovidas pelo Automóvel Clube do Brasil.
As provas disputadas na Barra anteriores a 1960 foram promovidas pelo Automóvel Clube do Brasil.
- Produzido por MAURICIO DE CASTRO LIMA m.castrolima.arq@gmail.com
- Material utilizado na pesquisa: LIVRO DA FAMILIA
TABOADA (fotos e texto), SCUDERIABRAZILBLOGSPOT.COM
(foto e texto), acervo do piloto Lulu Geladeira, de José Carlos Ferreira, acervo do autor, mapas e fotos aéreas Google, fotos e matérias
diversas pesquisadas na INTERNET.
- OUTUBRO de 2012
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ATUALIZAÇÕES:
Julho/2015
setembro/2016
dezembro/2017
novembro/2019
setembro/2023
AUTOMOBILISMO BAIANO - As corridas no Farol da Barra. (Parte 1), matéria publicada originalmente no blog Old Races em 18 de julho de 2013.
AUTOMOBILISMO BAIANO - As corridas no Farol da Barra. (Parte 1), matéria publicada originalmente no blog Old Races em 18 de julho de 2013.
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Link para acesso à pagina Fotos Antigas de Salvador no Facebook -mega post - Reprodução autorizada desta matéria.
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.711802138844264.1073741828.486268068064340&type=1
Link para acesso ao blog do Flavio Gomes com comentários sobre esta matéria AS CORRIDAS NO FAROL DA BARRA- Dica do dia
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LINK PARA O COMPARTILHAMENTO FEITO NO GOOGLE + PELO PILOTO NELSON TABOADA
Belíssima matéria publicada por Maurício Castro Lima no blog "oldraces.blogspot.com.br" , resgatando a história do automobilismo baiano.
2 comentários:
ADOREI LUIZ GANTOIS FILHO DO LULU GELADEIRA.
Grande Luiz como vai você? e o nosso velho "professor"? Foi bom ter entrado em contato pois estou mesmo precisando falar com você e Lulu, já até liguei para o nº do celular antigo que eu tinha na agenda mas só da na caixa! Se possível mande o telefone atual para o email - m.castrolima.arq@gmail.com
Um grande abraço para você e Lulu.
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