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sábado, 18 de agosto de 2018

A Ferrari que venceu Le Mans duas vezes...(parte1)



A Ferrari  275 P chassi 0816, disfarçada de 250 P chassi 0814, vencedora das 24 Horas de Le Mans no ano de 1963.

É uma história meio complicada que ficou desconhecida do mundo automobilístico por mais de cinco décadas e que começa com o acidente nos treinos de Nürburgring, que causou sérios danos à Ferrari 250 P de chassi nº 0814,  exatamente um mês antes das 24 horas de Le Mans de 1963, na qual o carro já estava inscrito para competir. 


A Ferrari 250 P, chassi 0814, acidentada em Nürburgring um mês antes das 24 Horas de Le Mans de 1963, corrida que oficialmente consta como vencedora.

Porém como se descobriu posteriormente, ampla documentação da fábrica mostra que a 0814 estava ainda em reparos em Maranello, nos dias 15 e 16 de junho de 1963 quando aconteceu a corrida em Le Mans, logo ela não poderia ter vencido a prova!
O que aconteceu segundo dados levantados pela Ferrari Classiche, é que por motivos desconhecidos a Scuderia Ferrari simplesmente enviou um novo carro, a 275 P de chassi nº 0816, no lugar da 0814 acidentada, sem contudo alterar a documentação já previamente usada na inscrição da corrida.
Como visualmente não existe diferença entre os dois modelos, passou tudo despercebido por todos estes anos. 





Na corrida, após um domínio inicial da Ferrari,com cinco carros nas primeiras colocações, a nº 21 de Ludovico Scafiotti/Lourenzo Bandini assumiu a terceira posição logo nas primeiras voltas, passando para o segundo lugar durante a noite, após a Ferrari 250 P nº22 de Mike Parkes/Umberto Maglioli se atrasar por problemas elétricos, vindo a assumir a ponta após 19 horas de corrida, quando um incêndio de grandes proporções destruiu parte da Ferrari 250 P nº 23 de John Surtees/Willy Mairesse,  que liderava a corrida àquela altura já com grande folga.

 A Ferrari 250 P nº23, que liderou a corrida por 19 horas, até ser parcialmente consumida pelo fogo na volta 252.


  • Classificação:
Pos Class No Team Drivers Chassis Engine Laps
1 P
3.0
21 Italy SpA Ferrari SEFAC Italy Ludovico Scarfiotti
Italy Lorenzo Bandini
Ferrari 250P Ferrari 3.0L V12 339
2 GT
3.0
24 Belgium Equipe Nationale Belge Belgium “Beurlys” (Jean Blaton)
Belgium Gérard Langlois van Ophem
Ferrari 250 GTO Ferrari 3.0L V12 323
3 P
3.0
22 Italy SpA Ferrari SEFAC United Kingdom Mike Parkes
Italy Umberto Maglioli
Ferrari 250P Ferrari 3.0L V12 323
4 GT
3.0
25 Belgium Ecurie Francorchamps France Pierre Dumay
Belgium “Eldé” (Leon Dernier)
Ferrari 250 GTO Ferrari 3.0L V12 322
5 P
+3.0
12 United Kingdom Maranello Concessionaires Ltd. United Kingdom Mike Salmon
United Kingdom Jack Sears
Ferrari 330 LMB Ferrari 4.0L V12 314
6 GT
3.0
26 United States North American Racing Team United States Masten Gregory
United Kingdom David Piper
Ferrari 250 GTO LMB Ferrari 3.0L V12 312
N/C * Exp 00 United Kingdom Owen Racing Organisation United Kingdom Graham Hill
United States Richie Ginther
Rover-BRM Rover Turbine 310
7 GT
+3.0
3 United Kingdom AC Cars Ltd United Kingdom Ninian Sanderson
United Kingdom Peter Bolton
AC Cobra Hardtop Ford 4.7L V8 310
8 P
2.0
28 Germany Porsche System Engineering Germany Edgar Barth
Germany Herbert Linge
Porsche 718/8 W-RS Spyder Porsche 1962cc F8 300
9 GT
+3.0
15 United States Briggs Cunningham United States Briggs Cunningham
United States Bob Grossman
Jaguar E-Type Lightweight Jaguar 3.8L S6 283
10 GT
1.3
39 United Kingdom Team Elite United Kingdom Pat Ferguson
United Kingdom John Wagstaff
Lotus Elite Mk14 Coventry Climax 1216cc S4 270
11 P
1.15
53 France Automobiles René Bonnet France Claude Bobrowski
France Jean-Pierre Beltoise
Bonnet Aérodjet LM6 Renault-Gordini 1108cc S4 269
12 GT
2.0
31 United States A. Hutcheson
(private entrant)
United States Alan Hutcheson
United Kingdom Paddy Hopkirk
MG MGB Hardtop BMC 1803cc S4 264
N/C** P
1.15
41 France Automobiles René Bonnet France Robert Bouharde
Italy Bruno Basini
Bonnet Aérodjet LM6 Renault-Gordini 1108cc S4 211




CONTINUA

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Os carros "madrinha" das corridas dos anos 60



Largada no Autódromo de Interlagos com um Willys Interlagos recém lançado, como carro madrinha.

Nas corridas de hoje em dia, estamos acostumados com a presença quase constante do "Pace Car", ou também chamado atualmente carro de segurança e que tem sido  adotado até com um pouco de exagero em algumas categorias do automobilismo atual, a exemplo da
Formula 1.



Nas corridas brasileiras dos anos 60, ele era uma figura rara de se ver, quase decorativo, utilizado apenas em largadas de algumas corridas e muito mais para efeito promocional do que por segurança!
Abaixo algumas das raras fotografias de corridas com largadas utilizando o "Pace Car", ou melhor Carro Madrinha, como era chamado por aqui nos anos 60. 
 Renault Gordini na largada dos monopostos em Interlagos, no início da década de 60.
 O Willys Interlagos também teve sua vez de carro madrinha por ocasião do seu lançamento.
 Até o Formula 3 Willys Gávea foi o carro madrinha desta corrida em Interlagos.
Aero Willys foi o carro madrinha em Interlagos, em 1966.
 Ford Galaxie, carro madrinha em Piracicaba São Paulo em 1968.
Um Jaguar Mark ll, utilizado como "carro madrinha" na largada de uma corrida com piso molhado no circuito da Avenida Centenário em Salvador, no ano de 1969.


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O Fuscão e o F5





Dois jatos F5 da FAB

O relato abaixo nos foi enviado por um  amigo ex integrante da aviação e conta o incidente que houve em 1980 entre um caça F5 da Força Aérea Brasileira, que teve uma pane seca e foi obrigado a efetuar um pouso de emergência em uma rodovia e um Fuscão que trafegava pela mesma na hora do pouso.
O Fusca teve o teto amassado pelo trem de pouso do avião e graças a Deus ninguém se machucou, tendo o jato decolado posteriormente na mesma rodovia, após o reabastecimento e a devida manutenção.
O F5 em plena rodovia, já preparado para decolar.

"O ano é 1980. Imagine você dirigindo seu Fusca por uma simples estrada de terra.  Alguns metros de pista e logo você chega na estrada principal, asfaltada, que o levará até a cidade. De repente um estrondo, um clarão, e um tranco enorme que te desnorteia a ponto de você não crer que na sua frente está um caça freando na pista que antes só tinha você e seu fuscão.
Consegue imaginar o susto? Pois foi isso que aconteceu na estrada que liga as cidades de Varginha e Paraguaçu, em Minas Gerais.Dois jatos F-5 voavam em missão de treinamento quando um deles precisou realizar o pouso em uma estrada próxima, por falta de combustível. As razões dessa falta de combustível são meio obscuras na história, mas fato é que não havia outra solução para o piloto do caça. Escolhida a pista, o piloto começa os procedimentos de pouso enquanto o outro avião envia as informações para a base, com o objetivo de já facilitar o trabalho que a equipe de solo, que futuramente teria que retirar o jato dali. Alinhado na estrada, o piloto começa a descida quando subitamente, do meio do nada, surge um Fusca! Naquela altura era impossível realizar qualquer manobra para evitar o iminente impacto entre o avião e o carro.Em questão de segundos o veículo foi atingido no teto pelo trem de pouso do avião, sentindo na sequência a força do vento deslocado pela turbina (o "jet blast"), aterrorizando o motorista. O avião não sofreu avarias e conseguiu completar o pouso.

A FAB apareceu com sua equipe de solo no outro dia para abastecer o avião, fazer as manutenções necessárias e colocar o F-5 para decolar dali mesmo, retornando para a base. Mas e o Fusca? Aí vem outro fato curioso da história. Diz a lenda que uma equipe da Força Aérea entrou em contato com o dono, buscando ressarcir os danos e, para espanto dos oficiais, a resposta do dono foi um sonoro "NÃO". Segundo ele, se o veículo fosse reparado, quem acreditaria na sua história?"

 O Fusca com o teto amassado e seu proprietário.

 O avião e os curiosos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Mario Cravo, artista plástico e automobilista!



A Bahia perdeu um dos seus maiores artistas plásticos, o escultor modernista Mario Cravo Júnior.
Mario que além de escultor era também pintor e desenhista, veio a falecer ontem em Salvador aos 95 anos de idade, vítima de complicações cárdio pulmonares, deixando um legado de importantes obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.


O Cristo Crucificado da cidade de Vitória da Conquista na Bahia.

A fonte da Rampa do Mercado em Salvador.


A Cruz Caída, no Belvedere da Sé em Salvador.

Mario Cravo tinha verdadeira paixão pela arte e apesar da idade avançada, continuava trabalhando e produzindo suas obras regularmente até o mês passado, quando foi hospitalizado com um quadro grave de pneumonia.


Considerado um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do Século XX, foi um dos pioneiros da Arte Moderna na Bahia, tornando-se reconhecido internacionalmente por retratar, em suas obras, as tradições, crenças, costumes e os mitos do povo baiano.
Nascido em Salvador no ano de 1923, começou a pintar aos 15 anos, tendo trabalhado com escultores de peso como Pedro Ferreira e Humberto Cozzo.
Mario Cravo Jr. foi casado com a Sra. Maria Lúcia Ferraz Cravo, com quem teve quatro filhos.
Em suas andanças e aprendizado pelo mundo, morou nos Estados Unidos de 47 a 49 onde estudou e trabalhou na Siracuse University no estado de New York, tendo também montado o seu próprio atelier e na Alemanha em 64/65, onde fez várias exposições. 

O MARIO CRAVO AUTOMOBILISTA:

O que muita gente não sabe é que por trás daquele talento espetacular e sua enorme paixão pela arte, existia também a paixão pelo automobilismo, tão forte que o levou a montar em 1969 uma equipe de competições automobilísticas que atuou nas corridas da Av. Centenário em Salvador e em outros polos do automobilismo do Norte e Nordeste do país.
A Equipe chamava-se Cravo Bauer, uma parceria dele com o alemão Otto Bauer, dono da Bauer Motor e tinha como seus pilotos nada menos que seus filhos Ivan e Otavio (Pingo), além do sobrinho de sua esposa, o "Babinho", Carlos Eduardo Ferraz Silva.
Logo da Equipe Cravo Bauer que foi feito por Mario Cravo.

A turma dos pilotos baianos no Autódromo do Ceará, Mario Cravo esta na direita com seu tradicional chapéu de palha e na fotografia abaixo ele está agachado junto ao carro, nos boxes do Ceará.

 Mario Cravo e Babinho na pista da Centenário, tem nas mãos o capacete do filho Ivan Cravo.
Autódromo Virgílio Távora no Ceará, Ivan Cravo (esquerda), Otto Bauer sentado no carro, Mario Cravo e Pingo Cravo.
Neste recorte de jornal estão Mario Cravo, Adriano Fernandes e Ivan, comemorando a vitória nas 2 Horas de Velocidade, prova válida para o Campeonato Norte/Nordeste, em 1971. 
 Noticias sobre a vitória nas 2 Horas de Velocidade.
Anuário Brasileiro de automobilismo com comentários de Mario Cravo.


Link para a matéria sobre a equipe cravo Bauer:👇
https://oldraces.blogspot.com/2015/04/equipes-baianas-cravobauer.html

Link para a matéria do Correio da Bahia sobre Mario Cravo e sua paixão pelo automobilismo:👇
https://www.correio24horas.com.br/amp/salvador/de-piloto-frustrado-a-artista-genial-historias-de-quem-conviveu-com-mario-cravo-jr-0818


Fica aqui a nossa homenagem ao velho Mario, que fique em paz e que Deus o guie nesta sua nova jornada!