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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Operação Robustez - o teste da SIMCA


Operação Robustez, era o nome extra oficial do grande teste de resistência que a Simca do Brasil fez com um Simca Rallye que foi retirado ao acaso na linha de montagem. Diferentemente das apresentações do Simca Show (para promover o lançamento da linha Tufão) onde os carros escolhidos eram Chambord, neste teste de resistência e nas competições automobilísticas, os veículos utilizados eram da versão esportiva Rallye.
Uma curiosidade ou apenas coincidência? O Rallye escolhido para o teste era da mesma cor (branco gelo com o teto vinho) que os Chambord usados no Simca Show.



O CARRO

O carro escolhido ao acaso na linha de montagem em 23 de setembro de 1964, pelo delegado do Automóvel Clube do Brasil, Sr. Euclides de Britto, foi um Rallye na cor branco gelo e vinho,(oficialmente gelo e katchup metálico), com nº de chassi R 34.925 e nº de motor RP 35.641.

O TESTE:

Ficou oficialmente conhecido como TESTE PARACATU-BRASÍLIA, pois foi feito na rodovia que ligava a cidade de Paracatu à capital Brasília.
Durante 44 dias e 44 noites a partir da 0 hora do dia 1º de outubro de 1964, o Simca rodou com paradas apenas para reabastecimento, troca de óleo, troca de pilotos, troca de pneus e manutenção preventiva, com a rodovia aberta ao tráfego normal de veículos.
Os pilotos que participaram do teste foram :
George Perott (Chefe da equipe), Alberto Savioli, Carlos Calza, Edson Elston, Gunther Heilig, Jaime Silva, José F. L. Martins (Tôco), José Gorga Neto. Luciano Onken, Manuel de Oliveira, Ubaldo Lolli e Walter Hahn Junior. 

NOTA: O piloto Ciro Caires participou do teste somente um dia, tendo que se ausentar devido a compromissos particulares.

O TESTE COMO FOI DESCRITO PELA FÁBRICA:

Na sequencia de fotografias abaixo, o Rallye do teste entra no posto para reabastecimento, verificações e troca de piloto, saindo em seguida.





Nota da fábrica Simca do Brasil publicada nos principais jornais do país, enaltecendo o feito do carro e dos pilotos.




  OS ACIDENTES :

O Simca ao longo do teste, veio a sofrer dois acidentes, o primeiro com o piloto Walter Hahn Junior, quando estava ainda em torno dos 90.000 Km rodados, sem contudo o incapacitar de continuar o teste, já o segundo que foi mais grave, uma capotada que alguns dizem ter sido com Ubaldo Lolli e outros que foi com Jaime Silva, encerrou oficialmente o teste, visto que já se tinha superado todas as marcas desejadas pela fábrica.

Um fato pouco divulgado é que mesmo após o segundo acidente e já com a finalização do teste oficial, o carro continuou rodando por mais quatro dias, em situação bastante precária, sem para brisas e bastante danificado, quando então por segurança, encerraram tudo definitivamente.

Abaixo está um relato do piloto Walter Hahn, onde o mesmo fala sobre os acidentes.

"Quanto ao Teste de Resistencia , fiz parte também da equipe e fizemos com o novo motor Tufão 100 mil Km em 44 dias e 44 noites sem parar com a media horaria e oficial de 113 km . Foi a mesma equipe acima , o trecho escolhido foi Paracatu- Brasília . Eram 800 Km de estrada ida e volta . Fazíamos turnos de pilotagem , dormíamos num pequeno hotel num posto de gasolina na estrada , onde o carro chegava , abastecia , trocava de piloto e voltava (PIT STOP ) na época não se usava o termo, mas durava de 5 a 10 minutos no máximo. Tínhamos a supervisão técnica do engenheiro francês Georges Perrot da Simca do Brasil um grande conhecedor do carro e do Automóvel Club do Brasil. Estrada ótima , asfalto novo, retas enormes, andávamos muito rápido, em torno de 150/160 km o tempo todo, muito bicho de mato e no para-brisas que precisava ser lavado por 2 pessoas tal era a quantidade deles a cada chegada nos pontos de Brasília e depois Paracatu. Neblina á vontade durante á noite e na madrugada, porem pouco transito, faróis de série da Cibié. Foi na raça mesmo no meio do mato sem assistência medica, ou qualquer outra, telefone só em Brasília e recados para a família. O primeiro acidente foi comigo aos 90 mil km que ao chegar em Brasília na entrada do aeroporto (posto de controle do A Clube) com forte chuva e de pé em baixo numa grande curva, o carro saiu de traseira e não deu pra segurar, rodei 3 vezes e fui cair bater num barranco. Tive que ser retirado, subi no carro, fiz o controle e voltei. Tenho diversas fotos desse teste, foi demais, muita emoção, todo mundo dedicado, o carro se comportou muito bem, no final capotou com o Lolli ou Jaime não me lembro bem agora > mas de fato a Simca não divulgou muito apenas uma pagina inteira do Estadão com a foto do carro e dos pilotos que participaram do teste , além de artigo de cobertura na 4 Rodas. O Simca foi sim um grande carro nacional, só me deu prazer e vitórias"

Reportagem sobre o teste, publicada no jornal CORREIO DA MANHÃ de 24 de novembro de 1964.

Noticia sobre a homologação do teste de resistência do Simca Rallye pelo Automóvel Clube - Diário de Pernambuco de 21 de fevereiro de 1965.


 O carro do teste ficou exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 1964.

Propaganda do teste de resistência veiculada na imprensa especializada.


Propaganda do Simca Rallye ligando o mesmo às corridas automobilísticas.


O Rallye também era vinculado à imagem de luxo, elegância e beleza. Aqui ele aparece ao lado do Presidence, a versão mais luxuosa da Simca.

Outra propaganda do Simca Rallye.


Detalhes descritos pelo piloto Walter Hahn Jr. e mais fotos do teste podem ser vistos clicando nos links abaixo:
http://www.nobresdogrid.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=518&Itemid=222


http://www.reumatismocarclub.com.br/cgi-bin/reumatismo/reuma_03.asp?IdNoticia=43

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A HISTÓRIA CONTADA PELO PILOTO WALTER HAHN JR .


O Simca Tufão em Paracatu: O Teste de resistência do veículo que marcou nossa história

Esse era o nome nos bastidores do Teste de Resistência da barata, que veremos mais adiante no mapa feito pelo depto de engenharia que relata os resultados técnicos desde os primeiro dias até o final do teste.


Durante 44 dias e 44 noites, um Simca Tufão rodou 120.048 km a 113,1 km/h sem parar.

O local escolhido foram os 224 km da BR-7, no trecho entre Paracatu e Brasília. Era necessário realizar a prova em uma estrada com trânsito normal para que o resultado refletisse efetivamente no uso de um carro em condições normais, mas dentro das normas de segurança que não poderiam ser mantidas em rodovias de trânsito demasiadamente denso.





Depois de terem sido considerados diversos trechos de estrada, o circuito ficou definido e, a zero hora do dia 1 de outubro foi iniciada a prova com início em Paracatu.




Depois de iniciada a prova, o Simca rodou ininterruptamente, seguinte o seguinte cronograma:
Pilotos reservando-se após cada percurso de 448 km. Quer dizer, que cada piloto tocava a barata por 3h e 50 minutos consecutivos, mais ou menos igual a distância de Paracatu a Brasília ida e volta.
Eram pilotos de teste da fábrica que faziam na estrada velha de Santos diariamente testando os lançamentos, peças pneus e por aí vai, para a engenharia da fábrica , outros foram contratados só para o teste .
O numero exato eram 12 , sendo os contratados a saber :
Gunter Heilig, Luciano Onken, Manoel de Oliveira, Jose Gorga Neto (cunhado do Tõco), Edson Biston , Alberto Savioli , Carlos Calza (fazia parte do dpto de corridas, frequentava Interlagos)
Os pilotos da equipe oficial do depto de corridas:
Ubaldo Cesar Lolli, Jaime Silva, J . F Lopes Martins (Tõco ), Walter Hahn Junior e o próprio Geoges Perrot que também fazia revezamentos para sentir o carro. O Ciro Caires esteve por lá não me lembro se chegou a pilotar, creio que sim .
As escalas eram feitas pelo Perrot, e as vezes dependendo da disposição de cada um as escalas eram mudadas , mas sempre com periodos de descanço etc .




A velocidade era livre porem com critério para se fazer os 224 Km , a ordem era baixar a bota mas sem quebrar!
Existia sempre uma ida e volta super rápida onde era quase tudo de pé em baixo , se não estou enganado era uma ficha a ser carimbada em Brasilia pelo ACB com o horario exato da chegada ,(relógio ponto) lá era só controle super rápido. Dai se aumentava ou não a velocidade para manter a média sempre alta no final.
Cada piloto só voltava ao volante, 20 horas depois.



Dois postos de controle da ACB, um em Paracatu e outro em Brasília. Em Paracatu, era a troca de pilotos; abastecimento; lubrificações se necessário e revisões simples, sempre sob o controle dos técnicos da ACB, em registro num livro oficial.
¬As passagens nos postos de controle, foram duplamente registradas na ficha do próprio posto e numa cópia que seguia com o carro.

No transcorrer da prova, surgiram fatores que contribuíram para valorizar o teste. O clima na região caracterizava-se pelas oscilações, que durante o dia era um calor insuportável e na calada da noite, vinha o frio. E completando com os fortes temporais, que formavam verdadeiros lagos na estrada, o que dificultava demais o andamento da prova.

Na região, os pilotos enfrentaram nuvens de insetos, que batiam de encontro ao para brisa, emperrando os limpadores, fora os animais que atravessavam a pista, exigindo extrema cautela e provocando verdadeiras manobras dos pilotos para manter a estabilidade da barata.




Mas com toda a perícia, o Simca Tufão sofreu um acidente durante um temporal, depois de 44 dias e 44 noites. As partes mecânicas não foram atigidas, proporcinando a condução até o final da prova. No entanto dada a quilometragem já atingida, 120,048 km, foi encerrado o teste de resistência. E o que queriam mostrar sobre o carro já estava demonstrado. E o slogan estava montado – O Simca Tufão é o Carro Nacional Mais Resistente…

E depois do acidente, rodou por mais de cinco dias, mostrando a eficiência do modelo. Parabéns aos pilotos, mecânicos, engenheiros e toda a tropa envolvida no teste de resistência da Simca Tufão…
O mapa do Teste de Robustez:



Saloma/Walter Hahn
(reprodução do texto)

Abaixo está um trecho de diálogo no Facebook, com o piloto Carlos Calza, que foi um dos participantes do famoso teste de resistência e que acrescenta alguns detalhes inéditos, além de dar a sua avaliação positiva sobre a nossa matéria. 

Obrigado Carlos Calza!

 



Material utilizado na matéria: Fotos sem indicação de direitos autorais retiradas de pesquisas na Internet.Fotografias arquivo Anfavea, propagandas da Simca do Brasil, nota publicada no jornal CORREIO DA MANHÃ em 20/11/1964, texto do autor, links para acesso a nobresdogrid.com e reumatismocarclub.com. Reprodução de texto e fotografias de SALOMA DO BLOG/ Walter Hahn Júnior, Reportagem do jornal Correio da Manhã e Diário de Pernambuco

Atualizada em 13/08/2014
Atualizada em 26/06/2016 
Atualizada em 11/04/2021 
Atualizada em 28/12/2022

 oldraces.blogspot.com m.castrolima.arq@gmail.com



10 comentários:

Unknown disse...

Maravilhoso carro, depois que foi 'tropiucalizado', é junto com o ford galaxie, e dos VW a ar, os melhores feito cá na Brazuka ! Confiabilíssimo e com seu flathead todo ajustado e melhorado em alguns pontos, tem até no 'ronco' uma 'distinbilidade', ímpar e linda ! Saudades do Simca Chambord...Marcou época e corações.

Old Races disse...

Concordo, era um carro maravilhoso, foi em um Simca Chambord que aprendi a dirigir e só quem teve e dirigiu estes carros pode avaliar o que representava o Simca em relação aos outros carros fabricados no Brasil em sua época !

Anderson Areal disse...

Muito legal a matéria. Parabens.

Old Races disse...

Muito obrigado Anderson, seja bem vindo !

Wilton disse...

Oi gente. Muito legal a matéria, show se bola. Goatei muito mas o Simca do teste é um Tufão, não o Rallye. O Rallye tem o capô com tomadas/entradas extras de ar, decorativas penso eu. Abraços

Old Races disse...

Boa noite Wilton, acho que está fazendo uma pequena confusão, vejamos:
O carro do teste é um Simca Rallye Tufão (Tufão é nome do motor e não modelo do carro), conforme amplamente divulgado e provado por documentação homologada pelo Automóvel Clube do Brasil.
Recomendo que leia a matéria atenciosamente e veja as fotografias da propaganda Simca, onde dá para ver nitidamente as referidas entradas de ar.
Abs.

Old Races disse...

Teste

Old Races disse...

Teste

Anônimo disse...

Bom dia!



Tentei comentar diretamente no blog através das 3 formas disponíveis (Nome/URL, anônimo e Google), mas não consegui por nenhuma delas.



Primeiramente quero te dar os parabéns pela matéria. É muito difícil eu ver alguma matéria sobre a Simca que não contenha erros. A sua foi perfeita porque você foi direto na fonte e apresentou a documentação, além da entrevista. Sem dúvida de longe é o material mais completo sobre o tema que já apareceu.



Realmente o leitor fez confusão, mas eu gostaria de observar que todos os 4 modelos fabricados pela Simca do Brasil (Chambord, Rallye, Jangada e Présidence) passaram a ser da linha ou modelo “Tufão” a partir da segunda série de 1964. Não foi apenas o motor que mudou, mas a parte alta da carroceria (teto e coluna), vidros e várias outras coisas também, de forma que o carro melhorou consideravelmente.



O motor que equipava a Rallye e a Présidence era o Super Tufão, sendo que no bloco vinha gravado “RP” antes do número dele.



No popular, os modelos fabricados até o lançamento da linha Tufão passaram a ser chamados de “Chambord” ou “Chamborzinho” e até hoje muitas pessoas confundem, não entendendo que o Chambord também passou a ser Tufão e posteriormente Emi-Sul.



O mesmo ocorreu na segunda série de 1966, quando todos os 4 modelos fabricados passaram a ser Emi-Sul e então as pessoas passaram a chamar o Chambord Emi-Sul apenas de “Emi-Sul”.



Um abraço e mais uma vez parabéns.



Marcelo Viana

Old Races disse...

Obrigado Marcelo, pelo contrário elogioso e principalmente por apreciar a nossa publicação, infelizmente nem todos reconhecem e respeitam os trabalhos que são publicados, copiam e adulteram trechos, pegam fotos para publicar em outras plataformas, sem sequer citar a autoria ou origem!
Um abraço e mais uma vez obrigado!

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