sábado, 17 de agosto de 2013

Crônica de uma Época



Hoje vou publicar uma postagem feita pelo grande amigo Carlos Seixas, no seu blog PIT STOP BAHIA em 4 de março de 2012, baseada em uma matéria que eu havia escrito no ano anterior e relatava um encontro que tive com José Carlos Pace, por ocasião dos 500 km da Bahia em 1969.
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Reprodução da postagem de 04 de março de 2012, do blog PIT STOP BAHIA , Produzido por Carlos Seixas:

http://pitstopbahia.blogspot.com.br/2012/03/cronica-de-uma-epoca.html 

Crônica de uma Época

Parece até ficção


Tentem mentalizar a seguinte situação: piloto novo - na carreira e idade - um "foguete" muito bem preparado, um circuito desafiador, uma prova longa e desgastante e a chance de dividir curvas com ícones do automobilismo nacional. Para quem gosta de automobilismo parece até roteiro de ficção, não é verdade?

Pois aconteceu mesmo, nas históricas corridas da Avenida Centenário.

Trazendo a realidade, refiro-me a  uma das etapas do Campeonato Brasileiro de Automobilismo de 1969, os 500 Km de Salvador, com nosso amigo Maurício Castro Lima - então com 19 anos - conduzindo um autêntico Willys Interlagos e competindo contra José Carlos Pace, Wilson Fittipaldi, Pedro Victor Dellamare e outros grandes nomes da época.

 

Como ápices da história, o grande nível de preparação da Berlineta - receita desenvolvida em Sergipe - e as generosas dicas do próprio Pace, em um encontro inesquecível.
   
Môco, como era mais conhecido, pilotava um belíssimo Alfa P-33 da equipe Jolly e acabou vencendo a prova. Grande piloto, infelizmente não teve tempo de explorar todo seu talento, por conta de um terrível acidente aéreo.
Uma curiosidade: a oportunidade de correr com o Willys Interlagos nos 500 Km de Salvador veio extatamente de uma reforma no circuito paulista, que aumentou o interesse e participação nas corridas de rua daquele ano. Desnecessário lembrar que o verdadeiro nome do histórico circuito é Autódromo José Carlos Pace.

Detalhes ?

Com a palavra, Maurício Castro Lima, a quem agradecemos a bela documentação de uma época realmente especial !

Eu, a Berlineta e Môco.


O ano era 1969, um belo dia ensolarado como a cidade do Salvador bem conhece, mas não era um dia comum, pelo menos para os amantes do automobilismo em todo o país, os quais naquele exato momento tinham a atenção voltada para a nossa cidade, mais precisamente o circuito da Avenida do Centenário pois ali estava sendo formado o grid de largada para uma das provas de maior importância do Campeonato Brasileiro de Pilotos da C.B.A.



Com o fechamento de Interlagos para reformas, algumas provas de rua a exemplo dos 500 km de Salvador, passaram a fazer parte do campeonato desde o ano anterior e obviamente passaram a ter mais importância para dirigentes, equipes, pilotos e imprensa.



Para os 500 km deste ano, vieram carros e pilotos de vários estados brasileiros, tais como Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Sergipe e Distrito Federal, além da Bahia é claro.


De repente, ali estava eu aos 19 anos de idade, curtindo um dos momentos mais emocionantes da minha vida, pois afinal havia chegado à elite do automobilismo brasileiro, daí a alguns momentos estaria correndo contra Piero Gancia, Emilio Zambello, Marivaldo Fernandes, Wilson Fittipaldi, Mario Olivetti, Ubaldo Lolli, Ênio Garcia, Pedro Victor Dellamare, Jaime Silva, Lian Duarte, Toto Porto Filho e tantos outros pilotos que representavam o que tinha de melhor nas corridas brasileiras.


Uma semana antes estive ameaçado de não poder correr, pois o VW divisão 3 que iria usar ficou muito avariado após uma batida contra um caminhão que estava parado no meio de uma curva em local sem iluminação alguma, perto da área que estávamos usando para testes e amaciamento do motor, foi quando Eduardo Ribeiro que era dono do Posto do Cristo e também diretor esportivo do Automóvel Clube, colocou-me em contato com Arivaldo Carvalho de Sergipe, que iria correr com uma berlineta Willys Interlagos e precisava de um piloto para fazer a dupla exigida pela prova de longa duração.     
Finalizamos o nosso acordo e três dias antes da corrida tive o primeiro contato com a máquina, ai pude perceber como o Willys Interlagos é cativante e gostoso de pilotar, ágil e de estabilidade impressionante, que no carro de Arivaldo ainda estava melhor devido aos pneus importados e a excelente preparação de motor, suspensão e cambio mais longo.

 Mas, voltando ao grid, eu estava ao lado da berlineta conversando com Nandinho, que era um dos donos da Mecânica Walman, que naquela época era quem preparava meus carros para correr, quando chegou o Môco, muito simpático e atencioso e começou a fazer perguntas sobre o carro, qual a preparação etc. acariciou o teto da berlineta e disse: “é uma pequena joia, grande parte de minha carreira foi pilotando algumas delas”, depois quis saber quantas corridas eu já tinha feito, ai me deu varias dicas e por fim ele disse,” Olha garoto, cuida bem dela que você chega ao fim, mas não deixa o giro subir muito pois esta muito quente e ela pode superaquecer e fundir o motor”,ai foi se afastando e me desejou boa sorte, no que prontamente retribui.

 Moco em dupla com Marivaldo Fernandes partiu para a vitória com a espetacular Alfa P33 da equipe Jolly Gancia e nós, mesmo com a quebra da caixa de marchas, ainda conseguimos ficar com o segundo lugar na classe até 1000cc, pois já tínhamos feito mais da metade do tempo da prova quando o carro quebrou.

Mauricio de Castro Lima
Salvador- Bahia / junho de 2011


Jornal do Brasil agosto de 1969.


Valeu Maurício !
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E já que falamos em Carlos Seixas e seu excelente blog Pit Stop Bahia, o mesmo postou uma matéria no dia 5 de agosto sobre o Old Races à qual desde já agradecemos, principalmente pelas palavras de incentivo e pela confiança em nós depositada! 
Abaixo a transcrição da mesma:


PUBLICAÇÃO DE  PIT STOP BAHIA  em 5 de agosto de 2013
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Auto e Antigomobilismo na Rede
 
Old Races

Nosso grande amigo - e valioso colaborador - Maurício Castro Lima estréia um empolgante espaço na web, dedicado totalmente ao Auto e Antigomobilismo.
 

Dono de uma memória prodigiosa, um acervo documental riquíssimo e "toneladas" de fotografias inéditas, Maurício apresenta outra característica especial e rara: é testemunha ocular - e ativa - das épocas de ouro do Automobilismo baiano.

 
Além de arquiteto, motociclista e apaixonado pelos esportes a motor, ele é ex-piloto de circuitos e rallyes, tendo dividido curvas com ninguém menos que Lulu Geladeira e outros pilotos baianos, nas históricas corridas da Avenida Centenário e outros polos.

É esse curriculum que credencia, para alegria dos Antigomobilistas, o seu novo projeto: 


 
O novíssimo blog, apesar de recente, já tem um grande número de postagens, todas cativantes e esclarecedoras, confiram!

Para comemorar esse grande passo para a preservação da história automotiva, aproveito para linkar a reportagem (1ª parte) sobre um mito, o Elva GT, criação do ex-kartista Élcio Paiva. 

Já tinha ouvido falar muito dessa "lenda", mas, só agora tive a oportunidade de conhecer detalhes e conferir o visual da fera. Confiram também:



Old Races - 15 de julho de 2013

Parabéns Maurício, por compartilhar todo esse acervo e conhecimento!

O Antigomobilismo precisa dessa e de outras iniciativas.



Postado por Carlos Eduardo Seixas às 19:21 http://img1.blogblog.com/img/icon18_email.gif
2 comentários:
Parabéns Mauricio. Vamos colocar um para-choque igual ao do Karman amarelo no fusca. Rsrsrs... Abraços Rai.




Obrigado Rai pela sua gentileza,em breve vou fazer uma postagem sobre um Karmann Ghia "brabo' que montei nos anos 80, você vai gostar!
Quero aproveitar e agradecer ao nosso amigo Carlos Seixas pela gentileza de divulgar o Old Races, que não é meu e sim de todos vocês antigomobilistas e saudosistas de todas as espécies.
Obrigado também por todas estas palavras elogiosas e de incentivo, espero poder corresponder à altura.
Abraços,
Mauricio

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