-HISTÓRIA DO AUTOMOBILISMO BAHIANO -
O célebre circuito da Centenário – Salvador Bahia.
De 1968 a 1972, a Avenida do Centenário foi palco de emocionantes corridas de automóveis. Um dos templos do automobilismo brasileiro, onde foram realizadas além das provas locais, varias regionais a exemplo do Torneio Norte Nordeste e nacionais como o Campeonato Brasileiro de Formula V e os famosos 500 km da Bahia.
Há exatos 50 anos, o antigo circuito teve os seus dias mais gloriosos, servindo de palco para acirradas disputas, com a participação de "ases" do automobilismo de todo o país!
Circuito da Centenário em 1969.
A pista da Centenário tinha a largada em frente à saída da rua Manuel Barreto, ficando os boxes no canteiro central, com a entrada pela pista paralela que dá acesso ao Shopping Barra e Jardim Brasil.
O circuito tinha o sentido horário e era invertido em relação ao fluxo de tráfego normal da avenida.
Largada dos 500 Km da Bahia em 1969.
Esta inversão tinha três motivos principais: primeiro, evitar que após as corridas ou à noite o pessoal dos pegas ficasse utilizando a pista para fazer corridas clandestinas. Segundo, para tornar a entrada dos boxes mais segura e eficiente e por fim, conseguir uma “reta”oposta maior, onde os carros alcançassem mais velocidade final.
Os dois Pumas da AF no local que os carros atingiam a maior velocidade.
Rotatória de retorno, junto ao túnel.
Ao todo o percurso utilizado media 3.090 metros, com dois retornos em U, além de quatro curvas intermediarias. As curvas do Calabar eram as mais perigosas devido à quantidade de postes, pela proximidade do canal e principalmente por serem curvas de média a alta velocidade. A do Calabar de dentro era a mais veloz e gostosa de fazer, tinha também a do cemitério e a oposta ao cemitério. No mais, eram “retas” meio curvas onde os carros andavam sempre em aceleração plena.
Excelente pavimentação e retas intercaladas com curvas suaves, o trecho intermediário permitia que os carros desenvolvessem uma boa velocidade.Na foto o Volkswagen divisão 4 (Força Livre) da Equipe Curvello, pilotado por Mauricio Castro Lima.
A maior velocidade (perto dos 200 km/h para os carros de mais potencia) era sempre atingida no final da reta oposta aos boxes, ai vinha uma forte freada para fazer o retorno do posto ou como alguns chegaram a chamar, a “curva do coco”.
Por sua posição serpenteando ao longo de um vale, permitia que um numeroso público (falava-se na época em cerca de 40.000 pessoas) ficasse acomodado nas suas encostas com uma visão privilegiada da corrida, como se fossem arquibancadas naturais.
Arquibancadas naturais nas encostas davam segurança ao público. Na foto em primeiro plano esta o Puma da Carbel de Minas, seguido do Puma 71 da Escuderia AF e parado com problemas mecânicos o Bino 47.
O recorde da Centenário ficou pertencendo à Alfa P33 da equipe Jolly Gancia, tendo ao volante José Carlos Pace, com o tempo por volta de 1m 30,1 seg. a uma média de 123,462 km /h, obtido nos treinos dos 500 km da Bahia em 1969. Para efeito de comparação a esta época os carros com boa preparação giravam em torno de 1m 38,4 seg. , a uma velocidade média aproximada de 111,939 km/h.
A recordista Alfa P33 da equipe Jolly Gancia, seguida de uma GTA também da Equipe Jolly Gancia.
Ao contrario do que se tem escrito atualmente em algumas matérias sobre as corridas na Centenário que a retratam como “uma pista com o pavimento gasto e mal conservado”, a avenida era nova e tinha o pavimento bem liso, sem depressões, bueiros ou buracos.
Acreditamos que este equivoco se criou por causa da última corrida que foi realizada em 1972 e ficou famosa pois dizem que foi a última corrida de rua do Brasil. A largada atrasou por várias horas, devido a forte chuva que além de alagar a pista, trouxe lama e vários detritos, daí a má impressão que ficou com relação ao pavimento.
Costumam também dizer que as corridas aqui eram desorganizadas, que atrasavam, que não tinham segurança e até que o público invadia a pista. Não é verdade, se observarem bem as fotos vão ver que era uma pista com excelente pavimento, com policiamento bem posicionado e o público afastado dos locais de alto risco e geralmente ficava nas encostas.
Comparadas às corridas de rua do resto do país, podemos afirmar sem medo de errar, que as nossas corridas eram mais seguras e mais organizadas que a maioria das provas de rua da época, porém, se compararmos aos padrões de hoje acharemos uma loucura em termos de segurança, sem guard-rails, com postes, árvores, canal e meio fios sem proteção alguma. Mas era assim mesmo em todo o país, corria-se até em pavimentação de paralelepípedos!
A segurança.
Voltando a falar da última corrida, ela quase foi cancelada, primeiro devido ao mau tempo, depois por causa dos detritos e do barro que invadiu a pista e por fim porque a seguradora se negou a estender o prazo de vigência do seguro que ultrapassaria o contratado em algumas horas.
Após muita confusão a largada foi autorizada com um grande atraso.
Um fato que nunca ficou muito claro é com relação à proibição das corridas, costumam dizer que foi ACM quando ia à praia e ficou retido no engarrafamento, outra versão fala sobre um desentendimento do mesmo ACM com o coronel Aurélio que era o presidente da Federação Bahiana de Automobilismo. De qualquer maneira na mesma época as competições de rua foram proibidas em todo o país devido a falta de segurança e o grande numero de acidentes.
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Começaremos aqui um passeio pelo nosso antigo circuito a partir da linha de largada, em uma volta completa até a última curva, mostrando fotos da época e suas correspondentes atuais numa verdadeira viagem ao.................... TÚNEL DO TEMPO!!!
A seguir observem o mapa do traçado com o lugar de cada foto assinalado e junto, para um interessante efeito comparativo, as fotos atuais tiradas nos mesmos locais e mesmo ângulo das antigas.
Procuramos tirar as novas fotografias nos mesmos ângulos das originais mas nem sempre foi possível pois foram feitas alterações nas curvas, no traçado da pista e em alguns casos árvores cresceram impedindo a visão.
De qualquer maneira, tentamos tirar as fotos o mais próximo possível das originais.
Para exibir as fotos do túnel do tempo dividimos o circuito em quatro trechos, A, B, C e D.
TRECHO A - Início em frente à saída da Rua Manuel Barreto, indo até mais ou menos a curva antes da saída da Rua Barão de Loreto.
Circuito da Centenário em 1969.
Foto 1 original- largada da Prova PAULO LANAT em 19 de julho de 1969.
Foto 2 original- largada dos 500 km da BAHIA em 10 de agosto de 1969.
Foto 3 original- 500 km da BAHIA em 1969.
Foto 4 original- Prova PAULO LANAT em 1969.
Foto 5 original- Prova PAULO LANAT em 1969.
TRECHO B - da curva do Calabar de dentro, retornando antes do túnel e voltando até o inicio da curva do Calabar de fora.
Circuito da Centenário em 1969.
Foto 6 original- Puma VW seguido pelo Puma Porsche da Escuderia AF, nos 500 Km da Bahia de 1969.
Foto 7 original- Puma VW da AF seguido do Elgar GT de Brasilia, nos 500 Km da Bahia em 1969.
Foto 8 original- Puma da AF no retorno do túnel (Prova TV Aratu- 1969).
Foto 9 original- Puma da Carbel de Minas Gerais seguido por um protótipo VW também de Minas e pelo Puma VW da AF - (500 Km da Bahia 1969).
Foto 10 original- Volkswagem protótipo da equipe Curvello (Norte-Nordeste 1969).
TRECHO C - é o menor deles com apenas quatro visualizações, vai do inicio da curva do Calabar de fora até o meio da reta oposta aos boxes.
Circuito da Centenário em 1969.
Foto 11 original- Curva do Calabar de Fora- Alfa GTA seguida da Alfa P33 ambas da Jolly Gancia (500 Km da Bahia 1969).
Foto 12 original- Saída da curva do Calabar de Fora- Alfa P33 da Jolly Gancia nos 500 Km da Bahia em 1969.
Foto 13 original- Alfa P33 da Jolly Gancia seguida pelo Puma Porsche da AF (500 Km da Bahia 1969).
Foto 14 original- Reta oposta aos boxes, Prova Prefeito Antônio Carlos Magalhães em 1969.
TRECHO D - vai do final da reta oposta aos boxes até a linha de chegada.
Circuito da Centenário em 1969.
Foto 15 original - Final da reta oposta aos boxes - Prova Paulo Lanat em 1969. Na foto, uma disputa de posição entre Mauricio C. Lima e Elias Uanus.
Foto 16 original -Curva do posto, vendo-se um matagal ao fundo onde hoje é o Shopping Barra - Prova Paulo Lanat em 1969, na foto os pilotos Ivan Cravo e Mauricio C. Lima disputando posição no retorno.
OBS: Como se pode ver na foto atual, este retorno hoje não mais existe.
Foto 17 original - Saída da curva do posto - Prova TV Aratú em 1969.
Foto 18 original -Entrada dos boxes vendo-se o posto ao fundo - 500 km da Bahia em 1969.
Foto 19 original - Prova Paulo Lanat em 1969.
A fotografia do meio é uma montagem. Para melhor visualização da pista dos boxes, fizemos uma alteração na nova foto com o traçado original.
Foto 20 original - Linha de largada/chegada vendo-se parte da área dos boxes ao fundo - 500 km da Bahia 1969.
Os acidentes da Centenário
Durante os quase cinco anos de corridas na pista da Avenida do Centenário alguns poucos acidentes graves aconteceram, os quais felizmente não deixaram sequelas em nenhum dos pilotos envolvidos. Os principais destes acidentes estão descritos abaixo, alguns com fotos do estado em que ficaram os carros.
MAPA DO CIRCUITO COM OS PRINCIPAIS ACIDENTES ASSINALADOS.
1 - 500 km da Bahia em 1969, acidente nos treinos, envolvendo a Alfa GTA da Jolly Gancia pilotada por Ubaldo Lolli e o Malzoni DKW do piloto goiano Neuder Motta (Dezinho). Na foto os destroços que restaram do carro de Neuder. Felizmente o piloto sofreu apenas ferimentos leves sem maiores consequências.
Este Malzoni pertenceu ao piloto carioca Norman Casari que usava o numero 96.
Foto reprodução (blog do Mestre Joca e Mocambo- Blog do Jovino)
2-Acidente com o Protótipo da Equipe RM, pilotado por Roberto Bahia que saiu bastante ferido no rosto e foi hospitalizado, porém sem lesões graves.
3-Acidente com o protótipo ELVA da Equipe Cobape que após perder os freios bateu forte na curva do posto.O piloto Carlos Medrado teve ferimentos de média gravidade sem maiores consequências, ficando o carro bastante avariado conforme mostra a foto abaixo.
4 - Acidente nos 500 km da Bahia em 1968, que envolveu o Puma Espartano VW da Escuderia AF e o Volkswagen nº 11 da Equipe Cascão-BRASAL pilotado por Paulo Guaraciaba de Brasília. Este acidente foi motivado segundo denuncia da Brasal por uma suposta fechada do Puma que no momento era pilotado por Norman Casari. A denuncia resultou na desclassificação do carro da AF, o que gerou uma grande polêmica e terminou em pancadaria nos boxes. Na foto o Volkswagen sendo retirado do canal onde caiu após capotar.
5 -Acidente com o Puma Espartano 1968 da Escuderia AF. O piloto Lulu Geladeira perdeu o ponto de freada e bateu forte contra o muro de uma casa na curva do Calabar sem sofrer nenhum ferimento.
6 - Acidente com Ivan Cravo (protótipo ELVA da Equipe Cravo-Bauer), o piloto nada sofreu e o carro teve apenas avarias leves.
7 - Acidente com o Volkswagem da Equipe Dick, pilotado por Antônio Carlos Pita Lima (Toncar) em 1968. O piloto teve que ser hospitalizado com ferimentos leves.
8 - Acidente com o Gordini nº 5 da Equipe Motophine, pilotado por Nagib Fadul, que após derrapar, bater no meio fio e capotar, pegou fogo ficando inteiramente destruído pelas chamas, o piloto nada sofreu.
Abaixo algumas fotos de rodadas, uma quase capotagem e pequenos acidentes em diversas corridas:
Miralvo x Fred Leal
Fred Leal
Luis Cardassi
Nelson Bastos
Albino Brentar
Carlos Eduardo F. Silva -(Babinho).
PILOTOS QUE CORRERAM NO CIRCUITO DA
AVENIDA CENTENÁRIO:
HEITOR PEIXOTO DE CASTRO -RJ
NORMAN CASARI - RJ
MILTON AMARAL -RJ
NELSON BASTOS
JOFFRE GOMES
ALBINO BRENTAR
MARCUS VINICIOS
LOURIVAL PEREZ
JOSE SILVEIRA PRADO
ROBERVAL VASCONCELOS
RICARDO ACHCAR - RJ
LUIS CARDASSI - RJ
ANTONIO MARTINS (CARAMURU) - BA
LEONARDO GODÓY - BA
LUIS PEREIRA DOS SANTOS(LULU GELADEIRA)BA
MARIO GILDO AGUIRRE BA
MAURICIO FAINSTEIN -BA
ROBERTO BAHIA ALICE -BA
MARIO MONTEIRO - BA
ANDRE MAY BURITY - BA
ANTONIO CARLOS PITTA LIMA (TONCAR) BA
FREDERICO G. SODRE LEAL BA
JAIME BAHIA (DR. JIVAGO) BA
JAIME PENNA CAL BA
PAULO QUINTELA
SILVIO RIVAULT BA
RENÊ FERREIRA BA
ADRIANO FERNANDES BA
FRANCISCO GÓES FILHO BA
ELADIO SILVA BISPO (FERRUGEM) BA
HEIDER DA COSTA NUNES BA
DURVAL FILHO BA
MARCOS AZEVEDO BA
EUVALDO PINHO BA
JOSÉ LUIS BASTOS BA
JOHN DIDRIK BRUSELL BA
MAURICIO DE CASTRO LIMA BA
RENATO DUPLAT ACCIOLY BA
ELIAS UANNUS BA
CARLOS SOEIRO BA
IVAN FERRAZ CRAVO BA
TOMÉ DIAS SOBRINHO BA
WILSON NARZIAZENO BA
MIRALVO SANTOS SOUSA BA
ANISIO CAMPOS SP
ANTÔNIO ROCHA LOBO (TUICA) BA
SERGIO ALCÂNTARA BA
NAGIB FADUL BA
ANTONIO JUSTO COUTO BA
ORIOVALDO PEREIRA LIMA BA
GIL FERREIRA BA
CARLOS ALBERTO MEDRADO BA
CARLOS EDUARDO FERRAZ SILVA-(BABINHO) BA
CARLOS SODRÉ LEAL BA
OTAVIO CRAVO (PINGO) BA
HILDA BORBA BA
ANTONIO G. MEDEIROS NETO BA
JOSE VILLAR BA
WILSON FITTIPALDI SP
JAIME SILVA SP
NENEM PIMENTEL CE
ARMANDO BARBOSA CE
ANTÔNIO CIRINO CE
ARIVALDO CARVALHO SE
CHICO LANDI SP
JAM BALDER SP
MARIO OLIVETTE RJ
MARIVALDO FERNANDES SP
JOSE CARLOS PACE SP
ENIO GARCIA DF
PIERO GANCIA SP
ANTONIO MARTINS FILHO DF
LUIS MENDONÇA BA
OLAVO PIRES DF
UGO GALLINA SP
B.VON NEGRI SP
DIRCEU. BERNARDON DF
PAULO GUARACIABA DF
PEDRO VICTOR DELAMARE SP
UBALDO LOLLI SP
MARCELO CAMPOS MG
IVALDO DA MATTA MG
ANTONIO CARLOS(TOTO) PORTO FILHO SP
INÁCIO CORREA LEITE
RICARDO BEZERRA
PAULO CESAR LOPES DF
ARIALDO PINHO CE
EMILIO ZAMBELLO SP
LIAN DUARTE SP
ANTONIO CARLOS OLIVEIRA DF
JACQUES LIMA DF
MARCOS JARDIM GO
LUCAS MOTTA GO
NEUDER MOTTA GO
LUIS CARLOS FONSECA MG
BORIS FELDMAN MG
J. P. CASTRO DF
ROBERTO FIUZA PE
TONINHO DA FONTE - PE
JOCA FERRAZ - PE
ROMULO CAVALCANTE
RAIMUNDO SANTANA
GILVAN MACHADO
ARTHUR SILVA
FERNANDO BURLE PE
ALVARO CABUS
ANTÔNIO RODRIGUES
FRED HORARA SP
élcio paiva
CARLOS FREIRE DE CARVALHO BA
Ramon Cortizo PE
Eduardo Domingues
OBS: A reLação está por
ordem aleatória
E pode conter erros
e/ou omissões.
Material utilizado na postagem: Fotografias dos arquivos de :
Carlos Medrado, Carlos Eduardo Ferraz Silva, Fred Leal, John Brusell, Mauricio de Castro Lima,
Adriano Fernandes, Marcos Benevides e Ivan Cravo.
Fotografias da revista Quatro Rodas, do jornal A TARDE, de MESTRE JOCA / Jovino Benevenuto Coelho.
de PIT STOP Bahia, Carlos Seixas.