Operação Robustez, era o nome extra oficial do grande teste de resistência que a Simca do Brasil fez com um Simca Rallye que foi retirado ao acaso na linha de montagem. Diferentemente das apresentações do Simca Show (para promover o lançamento da linha Tufão) onde os carros escolhidos eram Chambord, neste teste de resistência e nas competições automobilísticas, os veículos utilizados eram da versão esportiva Rallye.
Uma curiosidade ou apenas coincidência? O Rallye escolhido para o teste era da mesma cor (branco gelo com o teto vinho) que os Chambord usados no Simca Show.
O CARRO
O carro escolhido ao acaso na linha de montagem em 23 de setembro de 1964, pelo delegado do Automóvel Clube do Brasil, Sr. Euclides de Britto, foi um Rallye na cor branco gelo e vinho,(oficialmente gelo e katchup metálico), com nº de chassi R 34.925 e nº de motor RP 35.641.
O TESTE:
Ficou oficialmente conhecido como TESTE PARACATU-BRASÍLIA, pois foi feito na rodovia que ligava a cidade de Paracatu à capital Brasília.
Durante 44 dias e 44 noites a partir da 0 hora do dia 1º de outubro de 1964, o Simca rodou com paradas apenas para reabastecimento, troca de óleo, troca de pilotos, troca de pneus e manutenção preventiva, com a rodovia aberta ao tráfego normal de veículos.
Os pilotos que participaram do teste foram :
George Perott (Chefe da equipe), Alberto Savioli, Carlos Calza, Edson Elston, Gunther Heilig, Jaime Silva, José F. L. Martins (Tôco), José Gorga Neto. Luciano Onken, Manuel de Oliveira, Ubaldo Lolli e Walter Hahn Junior.
NOTA: O piloto Ciro Caires participou do teste somente um dia, tendo que se ausentar devido a compromissos particulares.
O TESTE COMO FOI DESCRITO PELA FÁBRICA:
Na sequencia de fotografias abaixo, o Rallye do teste entra no posto para reabastecimento, verificações e troca de piloto, saindo em seguida.
Nota da fábrica Simca do Brasil publicada nos principais jornais do país, enaltecendo o feito do carro e dos pilotos.
OS ACIDENTES :
O Simca ao longo do teste, veio a sofrer dois acidentes, o primeiro com o piloto Walter Hahn Junior, quando estava ainda em torno dos 90.000 Km rodados, sem contudo o incapacitar de continuar o teste, já o segundo que foi mais grave, uma capotada que alguns dizem ter sido com Ubaldo Lolli e outros que foi com Jaime Silva, encerrou oficialmente o teste, visto que já se tinha superado todas as marcas desejadas pela fábrica.
Um fato pouco divulgado é que mesmo após o segundo acidente e já com a finalização do teste oficial, o carro continuou rodando por mais quatro dias, em situação bastante precária, sem para brisas e bastante danificado, quando então por segurança, encerraram tudo definitivamente.
Abaixo está um relato do piloto Walter Hahn, onde o mesmo fala sobre os acidentes.
"Quanto ao Teste de Resistencia , fiz parte também da equipe e fizemos
com o novo motor Tufão 100 mil Km em 44 dias e 44 noites sem parar com a
media horaria e oficial de 113 km . Foi a mesma equipe acima , o trecho
escolhido foi Paracatu- Brasília . Eram 800 Km de estrada ida e volta .
Fazíamos turnos de pilotagem , dormíamos num pequeno hotel num posto de
gasolina na estrada , onde o carro chegava , abastecia , trocava de
piloto e voltava (PIT STOP ) na época não se usava o termo, mas durava
de 5 a 10 minutos no máximo. Tínhamos a supervisão técnica do engenheiro
francês Georges Perrot da Simca do Brasil um grande conhecedor do carro
e do Automóvel Club do Brasil. Estrada ótima , asfalto novo, retas
enormes, andávamos muito rápido, em torno de 150/160 km o tempo todo,
muito bicho de mato e no para-brisas que precisava ser lavado por 2
pessoas tal era a quantidade deles a cada chegada nos pontos de Brasília
e depois Paracatu. Neblina á vontade durante á noite e na madrugada,
porem pouco transito, faróis de série da Cibié. Foi na raça mesmo no
meio do mato sem assistência medica, ou qualquer outra, telefone só em
Brasília e recados para a família. O primeiro acidente foi comigo aos 90
mil km que ao chegar em Brasília na entrada do aeroporto (posto de
controle do A Clube) com forte chuva e de pé em baixo numa grande curva,
o carro saiu de traseira e não deu pra segurar, rodei 3 vezes e fui
cair bater num barranco. Tive que ser retirado, subi no carro, fiz o
controle e voltei. Tenho diversas fotos desse teste, foi demais, muita
emoção, todo mundo dedicado, o carro se comportou muito bem, no final
capotou com o Lolli ou Jaime não me lembro bem agora > mas de fato a
Simca não divulgou muito apenas uma pagina inteira do Estadão com a foto
do carro e dos pilotos que participaram do teste , além de artigo de
cobertura na 4 Rodas. O Simca foi sim um grande carro nacional, só me
deu prazer e vitórias"
Reportagem sobre o teste, publicada no jornal CORREIO DA MANHÃ de 24 de novembro de 1964.
Noticia sobre a homologação do teste de resistência do Simca Rallye pelo Automóvel Clube - Diário de Pernambuco de 21 de fevereiro de 1965.
O carro do teste ficou exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 1964.
Propaganda do teste de resistência veiculada na imprensa especializada.
Propaganda do Simca Rallye ligando o mesmo às corridas automobilísticas.
O Rallye também era vinculado à imagem de luxo, elegância e beleza. Aqui ele aparece ao lado do Presidence, a versão mais luxuosa da Simca.
Outra propaganda do Simca Rallye.
Detalhes descritos pelo piloto Walter Hahn Jr. e mais fotos do teste podem ser vistos clicando nos links abaixo:
http://www.nobresdogrid.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=518&Itemid=222
http://www.reumatismocarclub.com.br/cgi-bin/reumatismo/reuma_03.asp?IdNoticia=43
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A HISTÓRIA CONTADA PELO PILOTO WALTER HAHN JR .
O Simca Tufão em Paracatu: O Teste de resistência do veículo que marcou nossa história
Esse era o nome nos bastidores do Teste
de Resistência da barata, que veremos mais adiante no mapa feito pelo
depto de engenharia que relata os resultados técnicos desde os primeiro
dias até o final do teste.
Durante 44 dias e 44 noites, um Simca Tufão rodou 120.048 km a 113,1 km/h sem parar.
O local escolhido foram os 224 km da
BR-7, no trecho entre Paracatu e Brasília. Era necessário realizar a
prova em uma estrada com trânsito normal para que o resultado refletisse
efetivamente no uso de um carro em condições normais, mas dentro das
normas de segurança que não poderiam ser mantidas em rodovias de trânsito demasiadamente denso.
Depois de terem sido considerados
diversos trechos de estrada, o circuito ficou definido e, a zero hora do
dia 1 de outubro foi iniciada a prova com início em Paracatu.
Depois de iniciada a prova, o Simca rodou ininterruptamente, seguinte o seguinte cronograma:
Pilotos reservando-se após cada percurso de 448 km. Quer dizer, que cada
piloto tocava a barata por 3h e 50 minutos consecutivos, mais ou menos
igual a distância de Paracatu a Brasília ida e volta.
Eram pilotos de teste da fábrica que faziam na estrada velha de Santos
diariamente testando os lançamentos, peças pneus e por aí vai, para a
engenharia da fábrica , outros foram contratados só para o teste .
O numero exato eram 12 , sendo os contratados a saber :
Gunter Heilig, Luciano Onken, Manoel de Oliveira, Jose Gorga Neto
(cunhado do Tõco), Edson Biston , Alberto Savioli , Carlos Calza (fazia
parte do dpto de corridas, frequentava Interlagos)
Os pilotos da equipe oficial do depto de corridas:
Ubaldo Cesar Lolli, Jaime Silva, J . F Lopes Martins (Tõco ), Walter
Hahn Junior e o próprio Geoges Perrot que também fazia revezamentos para
sentir o carro. O Ciro Caires esteve por lá não me lembro se chegou a
pilotar, creio que sim .
As escalas eram feitas pelo Perrot, e as vezes dependendo da disposição
de cada um as escalas eram mudadas , mas sempre com periodos de descanço
etc .
A velocidade era livre porem com critério para se fazer os 224 Km , a ordem era baixar a bota mas sem quebrar!
Existia sempre uma ida e volta super rápida onde era quase tudo de pé em
baixo , se não estou enganado era uma ficha a ser carimbada em Brasilia
pelo ACB com o horario exato da chegada ,(relógio ponto) lá era só
controle super rápido. Dai se aumentava ou não a velocidade para manter a
média sempre alta no final.
Cada piloto só voltava ao volante, 20 horas depois.
Dois postos de controle da ACB, um em
Paracatu e outro em Brasília. Em Paracatu, era a troca de pilotos;
abastecimento; lubrificações se necessário e revisões simples, sempre
sob o controle dos técnicos da ACB, em registro num livro oficial.
¬As passagens nos postos de controle, foram duplamente registradas na
ficha do próprio posto e numa cópia que seguia com o carro.
No transcorrer da prova, surgiram fatores
que contribuíram para valorizar o teste. O clima na região
caracterizava-se pelas oscilações, que durante o dia era um calor
insuportável e na calada da noite, vinha o frio. E completando com os
fortes temporais, que formavam verdadeiros lagos na estrada, o que
dificultava demais o andamento da prova.
Na região, os pilotos enfrentaram nuvens
de insetos, que batiam de encontro ao para brisa, emperrando os
limpadores, fora os animais que atravessavam a pista, exigindo extrema
cautela e provocando verdadeiras manobras dos pilotos para manter a
estabilidade da barata.
Mas com toda a perícia, o Simca Tufão
sofreu um acidente durante um temporal, depois de 44 dias e 44 noites.
As partes mecânicas não foram atigidas, proporcinando a condução até o
final da prova. No entanto dada a quilometragem já atingida, 120,048 km,
foi encerrado o teste de resistência. E o que queriam mostrar sobre o
carro já estava demonstrado. E o slogan estava montado – O Simca Tufão é
o Carro Nacional Mais Resistente…
E depois do acidente, rodou por mais de
cinco dias, mostrando a eficiência do modelo. Parabéns aos pilotos,
mecânicos, engenheiros e toda a tropa envolvida no teste de resistência
da Simca Tufão…
O mapa do Teste de Robustez:
Saloma/Walter Hahn
(reprodução do texto)
Abaixo está um trecho de diálogo no Facebook, com o piloto Carlos Calza, que foi um dos participantes do famoso teste de resistência e que acrescenta alguns detalhes inéditos, além de dar a sua avaliação positiva sobre a nossa matéria.
Obrigado Carlos Calza!
Material utilizado na matéria: Fotos sem indicação de direitos autorais retiradas de pesquisas na Internet.Fotografias arquivo Anfavea, propagandas da Simca do Brasil, nota publicada no jornal CORREIO DA MANHÃ em 20/11/1964, texto do autor, links para acesso a nobresdogrid.com e reumatismocarclub.com. Reprodução de texto e fotografias de SALOMA DO BLOG/ Walter Hahn Júnior, Reportagem do jornal Correio da Manhã e Diário de Pernambuco
Atualizada em 13/08/2014
Atualizada em 26/06/2016
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